domingo, 25 de dezembro de 2011

Etiquette with older dogs (and their owners!)


I have been through this with my first dog, and over the last few months with a severely ill dog. Seeing this article a few days after his death, and upon the comments I heard from strangers as my dog was getting worse by the day, it touched a sensitive nerve.

I think this is an article everyone should read!

Reprinted with permission from The Bark


A call for improving our etiquette with older dogs.

Like everyone else in a society loudly lamenting a decline in civility, I recognize there are new breaches of etiquette every minute. On any typical day, cell phones alone account for the rudeness factor going off the charts.
But I believe there is one type of impolite behavior among adult humans that goes pretty much unchecked. I’ve been guilty of it myself and slinked away feeling really stupid. It just isn’t something that makes it into the etiquette books and it apparently isn’t even worth Miss Manners’ fleeting consideration.

I am referring to the blunt, utterly uncensored and often just plain mean things people say to us about our dogs (by “us” I mean dog people). My close friend Pam has a 12-yearold German Shepherd who is visibly aging. So are the rest of us, human and canine, but to what person would you ever be so crude as to say the following: “Is that your mother? Wow, she looks awful. She can hardly move!” Yet this is the unsolicited blubbering my friend endures from strangers, all day long, about her old dog. I empathize because I’ve been through this three times, beginning with our family Beagle, Sam, who lived to be nearly 17, mostly out of spite.
“How old is he?” People would ask this unrelentingly about my now-departed Irish Setter, Amos. I didn’t mind telling them that he was 12 or 13. “Wow. They don’t live much longer than that, do they?” How tacky is this?
But it gets worse. When my big, hairy mutt, Louie (we called him our “Bavarian crotch-smeller”) was old and frail, someone once asked me, “Have you thought about putting him down?” First of all, that’s kind of like asking a woman in her 40s (this also happened to me), “Have you ever thought about having children?” “Gee, there’s an idea! Why didn’t I think of that?” When your dog is old and sick, the end is pretty much all you can think about. Your heart is breaking and you’re preparing yourself to come to that decision in a way that spares your dog unnecessary suffering while giving yourself time to feel as peaceful as possible about letting him go.
People assume they can say anything they like about a stranger’s dog. While they’d (I hope) refrain from saying, “Excuse me, but it looks like your husband is losing his hair,” when Louie was suffering from Cushing’s disease, strangers constantly took it upon themselves to point out his hair loss. “Do you know your dog is losing his hair?” And what can you do except mumble, um, yes, this is my dog, he’s part of my family, I’m nearly always with him, I bathe him, I brush him, he sleeps with us, and throughout most, if not all, of these activities, I am looking at him! And it’s always too late when you think of how you could’ve said, “Do you know you have a wart on your chin?”

Pam is at the point where she dreads walking her dog in public because she knows passersby will make insensitive comments she can’t bear to hear. Out in the world she is thoughtful and tender enough not to remind everyone she encounters that they are mortal. Like the rest of us, she can tell when a person’s on his or her last legs, but she keeps herself from saying, “Gee, you sure are slowing down” or asking the person’s daughter, “So how long do people in your family tend to live?” When approaching people like my friend, it helps to remind oneself that she knows her dog is old. She knows it every waking second of every day.

The last years and months we share with our geriatric dogs are among the most bittersweet times in dog lovers’ lives. We know, from the moment we choose these guys as puppies or meet their limpid stares at the animal shelter, that our hearts will be torn apart some day. What makes it so much worse is that the older they get, the sweeter they get, and when they reach absolute critical sweetness—you simply cannot love them any more than you already do—they grow completely exhausted and die. So a person patiently coaxing an old dog on his increasingly shrinking route is someone who could benefit from a little compassionate restraint. Like a simple hello for the owner, or a tender pat on the head for the doggie emeritus.

Etiqueta para com cães idosos (e os seus donos!)

(English version above)

Passei por isto com o meu primeiro cão, e ao longo dos últimos meses com um cão gravemente doente. Ler este artigo uns dias após a sua morte, e com os comentários que ouvi de desconhecidos quando o meu cão estava a piorar de dia para dia, tocou um ponto sensível.
Penso que este é um artigo que todos deveriam ler!

Republicado com permissão de The Bark


Uma chamada de atenção para melhorar a nossa etiqueta com os cães mais velhos.

Como qualquer outra pessoa numa sociedade que cada vez mais lamenta a redução do civismo, reconheço que há novas quebras de etiqueta a cada minuto. Por exemplo, num qualquer dia, os telemóveis são responsáveis por um factor de descortesia fora da escala.
Mas penso que há um tipo de comportamento indelicado entre os adultos humanos que basicamente não é controlado. Eu própria fui culpada dele e afastei-me sentindo-me realmente estúpida. É uma daquelas coisas que não chega aos manuais de etiqueta e aparentemente nem sequer é digno uma consideração fugidia por qualquer Paula Bobone.

Refiro-me às coisas rudes, completamente sem censura e frequentemente simplesmente más que as pessoas nos dizem sobre os nossos cães (por “nos” refiro-me ao pessoal dos cães). A minha grande amiga Pam tem um Pastor Alemão de 12 anos que está a envelhecer a olhos vistos. Tal como ocorre com qualquer um de nós, humanos e caninos, mas que pessoa seria tão rude a ponto de dizer: “Essa é a sua mãe? Ena, está com um aspecto terrível. Mal se pode mexer!” No entanto este é o tipo de lamechices não solicitadas que a minha amiga tem de aturar de estranhos, o dia todo, sobre o seu cão idoso. Posso simpatizar porque passei por isto três vezes, começando com o Beagle da minha família, o Sam, que viveu até quase aos 17 anos, a maioria deles principalmente por força de vontade.
“Que idade tem?” As pessoas perguntavam isto incessantemente sobre o meu agora-defunto Setter Irlandês, o Amos. Não me importava de lhes dizer que tinha 12 ou 13 anos. “Ena. Não vivem muito mais, pois não?” Quão esfarrapado é isto?
Mas ainda fica pior. Quando o meu grande e lanudo rafeiro Louie (chamávamos-lhe o nosso “cheira-virilhas da Bavária”) estava velho e frágil, uma pessoa uma vez perguntou-me, “Já pensou em abatê-lo?”. Antes de mais, isso é um bocado como perguntar a uma mulher nos seus 40s (isto também me aconteceu), “Alguma vez pensou em ter filhos?”. “Hmm, ora que bela ideia! Porque é que eu não pensei nisso?”. Quando o nosso cão está velho e doente, praticamente só conseguimos pensar no fim. O nosso coração está despedaçado e preparamo-nos para chegar à decisão de forma a evitar sofrimento desnecessário ao nosso cão enquanto nos damos tempo para nos sentirmos tão tranquilos quanto possível em relação a deixá-lo partir.
As pessoas assumem que podem dizer o que quiserem sobre o cão de um desconhecido. Enquanto que (espero) abster-se-iam de dizer “Desculpe, mas parece que o seu marido está a perder o cabelo”, quando o Louie estava a sofrer da doença de Cushing, perfeitos desconhecidos constantemente assumiam o dever de apontar a sua perda de pêlo. “Sabia que o seu cão está a perder o pêlo?”. E que mais podemos fazer para além de resmungar, ahm, sim, é o meu cão, é parte da minha família, estou quase sempre com ele, dou-lhe banho, escovo-o, dorme connosco e ao longo de quase todas estas actividades, se não em todas, estou a olhar para ele! E lembro-me sempre demasiado tarde que podia ter respondido “Sabe que tem uma verruga no sei queixo?”.

A Pam chegou ao ponto de recear passear o seu cão em público porque sabe que os transeuntes vão fazer comentários insensíveis que ela não consegue mais ouvir. Quando está na rua, ela é suficiente sensível para não recordar todas as pessoas com quem se cruza que são mortais. Tal como qualquer um de nós, consegue ver quando uma pessoa está nas últimas, mas abstém-se de dizer “Ena, está mesmo mais lento” ou de perguntar à filha da pessoa “Então e quanto tempo é que as pessoas da sua família tendem a viver?”. Quando se abordam pessoas como a minha amiga, ajuda lembrarmo-nos que ela sabe que o seu cão é velho. Ela sabe-o em cada segundo de cada dia.

Os últimos anos e meses que partilhamos com os nossos cães geriátricos são dos tempos mais agridoces da vida dos amantes de cães. Sabemos, desde o momento que os escolhemos em cachorros ou olhamos para o seu olhar cristalino no refúgio de animais, que os nossos corações se irão despedaçar um dia. O que torna tudo pior é que quanto mais velhos vão ficando, mais doces vão ficando, e quando alcançam uma doçura absolutamente crítica– simplesmente não se pode amá-los mais do que o que se ama já – ficam completamente exaustos e morrem. Pelo que uma pessoa que pacientemente ajuda um cão idoso no seu percurso cada vez menor é alguém que poderia beneficiar de um pouco de contenção piedosa. Como um simples olá ao dono, ou uma festa carinhosa na cabeça do canito emérito.

sábado, 17 de dezembro de 2011

A puppy for Christmas?


(This article was originally published, slightly modified, in the Portuguese pet magazine Cães e Companhia nº 175, December 2011)


Christmas is traditionally a time of peace, joy and… puppies as gifts?
Is it a good idea to offer a living being in festive times, especially when it is a surprise to the receiver? This text overviews some of the questions about getting a puppy, maybe from a somewhat less-than-common point of view.



There are breeders and then there are breeders!

We all acknowledge that doctors are not all alike; some are better and more efficient at their work than others. We also know there are good and bad mechanics, plumbers that know their work and others just “fix holes”, etc. However, in the popular mind dog breeders seem to be a “one-size-fits-all” issue. There is a tendency to think that they all want to breed as many animals as they can as cheaply as possible in order to maximize profit throughout the lives of the poor bitches. But those who breed dogs do so for a variety of reasons, which will without a doubt affect the final result.

Unquestionably there are breeders that indeed breed with the clear objective of making money, who seek to maximize the breeding life of their animals (regardless of their health, genetics or quality) and the lowest cost, so as to maximize their profit. They are breeders who do not care about the final destiny of their puppies, as long as they are sold, and who benefit the maximum from impulse buying – such as the cute little puppy as a shopping mall’s pet shop window -, preventing the potential buyer from seeing the puppies and the rest of their dogs in their usual environment. They’re the so-called “puppy mills”. In Portugal they are a minority, but the most common source from pet store puppies.

Most dogs come from “plain” people who own a breeding-age bitch, people who, although not necessarily seeking a profit, breed for a wide variety of reasons (excuses?) – because they want a puppy from their pretty bitch, because the idea that all females should have at least one litter in their life (or all males should mate at least one) still runs deep, because they have a purebred and as such they must breed it, if for nothing else then to “recover” the money they invested in her, because children should see the “miracle of birth”, because they did not control their bitch in heat and she got pregnant, etc., etc. These are normally well-meaning people, or quite on the contrary people with no care whatsoever for the reproductive management of their unsprayed females, who just get a female and a male together, with no real concern about what they are breeding or the fate or health of the puppies that are born, as long as they go to people “who promise to love them”. The puppies are often given or sold at a low price, just after weaning, while they’re still in the “cute” stage, without health care (vaccines, worming) so no money is spent on them. These breeders are usually called “backyard breeders”.

Finally, there’s also the true Breeders, those who are indeed worthy of that name, with a capital “B” – those who breed will a well defined goal, who care about improving their breed’s morphological and functional traits, who strive to reduce the occurrence of health, genetic and/or behavioral problems in the breed. They seek to learn as much as possible about their breed and specimens, looking for the best possible match to achieve their goals, even if that means using animals other than their own. Before they breed they try to assess the quality of their dogs, they do health and genetic screening to reduce the risk of transmission of problems to the progeny, they manage the breeding life of their females, respecting rest periods between litters and plan each litter beforehand. And they are people who screen potential owners for one of their puppies, in order to assess if they are a match to the breed and personality of each bred animal (and will refuse a sale if necessary), who try to follow up on the development of each dog in their new home and are available for additional support at anytime, up to, if necessary, repossessing or helping to re-home any dog they bred at any stage of their life. They may be a minority in the sea of dog producers, but these breeders are the main focus of this text.

How much does a puppy cost?

This is the most common a breeder hears. It is often the only question a breeder hears. It is a natural question, and is indeed an issue to consider when pondering getting a dog. But is it the only one? Or is it actually the most important one?
When you want to get a new car, you don’t go into the first dealer you see and say to the salesperson “I want a blue car. How much does it cost?” - do you? First you decide on the type of vehicle you need, compare the technical traits of several brands of cars within the range you want, and only after you have a notion of what you need will you compare prices in several dealers for the makes and models you pre-selected, right? However, when they intend to acquire a living being that will be a full part of their life for 10 to 15 years, most people just seem to care about the price, without seeking to know the animal’s “technical traits”. Just as breeders are not all alike, the potential of each puppy, and the care he received, varies.

At the several freed ads websites, it is common to find puppies on sale for ridiculously low prices. When you ask a serious breeder the cost of a puppy of the same breed, you will get a much higher price. Why the difference? Is there a reason to buy a more expensive puppy when you can find cheaper ones? Yes! And the reasons run on the short and on the long range. Adequately raising a puppy, in order to give him the best possible start in life, is not cheap. You need to think of high quality food, adequate for the mother’s and puppies’ physiological state, supplementation (vitamins, minerals) when needed, regular and frequent worming to each of the puppies and their mother, vaccination, toys for physical and mental stimulation… and that’s not considering the time the breeder spends making sure the whelping goes for the best, the puppies nurse adequately, socializing them and getting them used to future situations they may encounter later in life, etc.
Of course you can easily find here several ways to save money and sell cheaper dogs – with low quality food that does not fully cover the animals’ special needs at this stage, by not doing vaccinations and worming, by selling the puppies immediately after weaning so no money is spent on feeding them, etc… This has, of course, an impact on the puppy’s current and future health. While he is nursing, the puppy receives antibodies from his mother through her milk, but upon weaning that protection ends and is only recovered by means of adequate vaccination. If the puppy changes family just after wearning, that will occur at a time his defenses are down, so there is an increased risk of catching diseases at his new home, a new environment with potentially hazardous risks that didn’t exist at his birth place. Some diseases acquired at this age are fatal or with life-long consequences!
On the long run, it is also a behavioral risk to acquire a puppy at such an early age. Throughout a puppy’s growth, he goes through several phases of development both physical and psychological. Between 3 and 12 weeks of age, there is the “socialization period”, during which he learns behavioral rules, first with other dogs then with other animals and people. If a puppy leaves his mother and siblings too soon he will not have the opportunity to learn canine communication and etiquette, and therefore has an increased risk of future problems in his relationships with other dogs and people.

A serious breeder will refuse the sale of a puppy before 2-3 months of age. This way he will be able to start an adequate plan of worming and vaccination, trying to ensure that when the puppy leaves he already has the necessary defenses to withstand the “aggressions” of his new environment (but it is crucial that the new owner completes the plan for an adequate protection). This period spent with the breeder will also allow the puppy to acquire the basic elements of social interaction with other dogs and people and begin socializing with several types of situations, which the new owner must continue.

There is more than just the price

If you are reading this text then a priori you have an interest on dogs above the population average and will try your best to be a good owner of the dog you acquire. With basic notions of what it takes to have a dog, or past experience, it is natural that your main concern when you get your dog is its price. But the breeder you contact does not know you! When he is contacted and the only question asked is the price, the idea that gets through is that you are just looking for the cheapest dog you can find, which is quite discouraging when he’s trying to find the best possible home for his dogs.
In any case, there are more issues to consider when acquiring a dog, leaving the purchase price as a secondary factor in the overall balance.

For example, you can (and should!) ask about diseases the breed may have, and what the breeder is doing to try to reduce their incidence. When you buy a puppy whose parents have been tested for the main diseases in the breed, even if that’s not an assurance that the puppy will not suffer from them, at least it gives you a notion of the real risk of being or not affected; a puppy from unscreened parents is always “a shot in the dark”, a lottery in which you don’t know what you are acquiring.

You should ask to see the puppies and the dam (sometimes the father does not belong to the breeder, so he may not be present) and try to assess if the puppies seem to be in good physical and behavioral conditions – with shinny coat, clear eyes, active and playful, etc. If the breeder refuses, beware and enquire; if indeed in very young puppies there may be some health risks in being handled by strangers, after the puppies are properly vaccinated that risk is minimal.

Ask the breeder whatever goes through your mind that may be relevant; a serious breeder will be available to answer and educate potentially interested people. Be prepared for the breeder to ask you questions in return, in order to assess if the breed and a specific individual is a good fit for you. After all, a 70 kg St. Bernard may not be the ideal choice for our frail 70 year-old grandmother; a Pug will certainly not be adequate for the dynamic youngster who likes to jog 20 km everyday with his dog; a digging terrier will not be perfect if you like a spotless garden.

And, very importantly, visit several breeders before making a decision! Talk with them, ask questions and answer questions, make up your mind and decide based on information. Remember the price you will pay for your puppy includes not only its cost on the moment, but also all the support the breeder will provide along the animal’s life.

Do you have puppies available?

This is usually the 2nd most common question the breeder gets asked, when we get to the 2nd question. Also for obvious reasons. The person knows he wants to add a 4-legged companion to his life, so he wants to do it as soon as he decides so. However, that is not necessarily the best way!
A breeder doesn’t always have puppies available; he will have them when he thinks he found a combination of parents that will take him one step closer to his goals. If he has several animals, he may be able to manage his bitches in such a way that he will indeed be able to have several litters throughout the year, if he so desires and has an adequate demand. However, if he has few specimens, he will have greater intervals between litters, there will be times when he will not have youngsters available.

If you are interested in a popular breed, there may be enough responsible breeders for you to, with some research, find a breeder you like with available puppies. However, in the case of rarer breeds, with few breeders, odds are you will not find available puppies exactly you decided you want one. In this case, the ideal is enrolling in the breeder’s waiting list, waiting for an available pup. This will give you a greater chance of getting your puppy, especially because many breeders only breed when they have good homes for their puppies already lined up.

Spend this time talking with the breeder, posing all your doubts and questions you can think of and easily and quietly preparing the arrival of your new companion. Use this period also to ponder seriously if this is the right time to acquire a living being that will require constant care and attention for the next 10 or more years. We live in a society of immediate consumption and gratification, in which we buy goods without seriously considering if we need them and what we will do with them in the future. An animal is not a teddy bear or a playstation we can put on a shelf when we get bored with it!

A puppy as a gift?

Christmas is traditionally a time when there is more demand for puppies. There are those who think they are ideal gifts, who want to offer a pet to their spouse, to a relative or even a friend. It is also common that people want to offer a puppy to their child, because he has been nagging for months for one, or because he had good grades at school, or to “teach him responsibility”… However, for a serious breeder, Christmas is one of the most complicated seasons! It’s a time when it is harder to distinguish between good and bad prospective clients. Because offering a puppy as a surprise to someone is usually a very bad idea. Acquiring a living being should be a well pondered act, in which all involved must agree on the decision. Otherwise there is the serious risk that they will not have time or will to properly take care of the animal, loose interest in the “novelty”, etc., which leads to a raise in the relinquishment rate shortly after Christmas.

A classical example is buying a dog so “the child becomes responsible”. In principle that’s all very nice, but what happens when the youngster goes back to school and no longer has time available for the dog? Or when the novelty wears off and the puppy grows and the child looses interest in the dog, as often happens with young children (or teenagers who suddenly find other interests in life)? If the parents did not agree previously that the final responsibility for taking care of the animal is theirs, sooner or later it is probable that he will be relinquished. What responsibility are you then teaching your youngsters? That when you lose interest in them, it’s ok to abandon a living being?

Also from the point of view of the puppy himself, Christmas holidays are not the best to change homes. The dog is already going through the shock of suddenly losing all that was familiar to him and finding himself in a strange environment -at a place where traditionally at this time there is great commotion, with school holidays, family and friends staying over, etc., when what he needs is peace to get adjusted to his new home and develop properly. And when he finally starts getting used to his new life, suddenly it all changes again – holidays are over, children go back to school, adults go back to work and the environment changes again. It is better to wait for the post-holidays period to welcome the puppy, so he has a smooth transition to the normal yearly rhythm of his new family.

If you indeed decide that it is appropriate to offer a puppy for Christmas, if the decision is made responsibly, with everyone involved and the the breeder agreeing on it, instead of subjecting the puppy to this confusing time, why not arrange with the breeder a sort of “welcome package” to whoever will receive the puppy for Christmas, instead of the dog himself, as a preparation to go pick him up later, at a better time?

Adopt, don’t buy?

As Christmas is a time when the acquisition of dogs is traditionally higher, campaigns for the responsible adoption of abandoned animals are also more visible. Frequently their chosen motto is something in the lines of “adopt, don’t buy” or “each dog bough is a pound dog that gets killed”. But isn’t this somewhat of emotional blackmail?

Often, the type of people who seek a purebred at a breeder is different from that who adopts from a shelter. While the later “just” (with any prejudice intended) want a loyal companion, those who seek a purebred often do so because they desire a certain amount of physical and behavioral traits which are easier to find in a purebred than in a mutt, due to the selection exerted which  leads to traits being substantially more predictably in a purebred puppy. (1)

Anyway, even if a bought puppy might potentially mean, on the very short term, that a stray dog is not adopted, on the long run the consequences may be different. When you buy a puppy from a serious breeder, you are simultaneously ensuring a life-long support, the breeder will be available to help the owner whenever and wherever possible, inclusively to retake or rehome the dog if necessary. Therefore the risk of this dog being relinquished later on is seriously reduced. The greater the proportion of dogs bought from responsible breeders, as opposed to from puppy mills or backyard breeders, the smaller the odds they end up in a shelter.

Do your homework!

Some years ago it might have been difficult, for those not in the fancy, to know how to find a breeder for a given breed and what to look for in a puppy. Nowadays, with the major role the internet plays in our lives, with specialized media available to the public, this task is considerably easier. Spend some time researching the breed of your choice (and be objective as to the source of the information!!), visit several breeders and talk with them, even if you’re not planning on getting a dog right now – it is crucial to know if your choice fits your lifestyle and personality, it is important to find a breeder in whom you can trust and feel supported whenever you need to, throughout your dog’s life. Basically, use your common sense and critical judging and don’t fall into the trap of immediate gratification. Having an animal in our life is a great responsibility, he demands time and dedication for many years and will not remain a small cuddly puppy for long. This is probably one of the most important decisions you will make in your life! You will surely want to do it with as much information as possible, right?

And by the way, after you get your puppy, do try to keep a regular contact with the breeder. He leaves a little bit of himself in every puppy he hands over, and would also like to hear from him, to know that he is growing well (or not) and that he and his family are happy!




(1) In Portugal, breed rescues (groups dedicated to rescuing and rehoming dogs of a particular breed or group of breeds) are not yet common

Um cachorro para o Natal?

(Englosh version above)

(Este artigo foi inicialmente publicado, ligeiramente modificado, na revista Cães e Companhia nº 175, Dezembro 2011)


O Natal é tradicionalmente uma época de paz, alegria e… cachorros como presente?
Será que é boa ideia oferecer um ser vivo em épocas festivas, sobretudo quando é uma surpresa para quem o irá receber? Este texto procura abordar algumas questões relativas à aquisição de um cachorro, sob um ponto de vista talvez um pouco menos tradicional.




Há criadores e criadores

Todos nós reconhecemos que os médicos não são todos iguais, uns são melhores e mais eficientes no seu trabalho e outros piores. Também sabemos que há bons e maus mecânicos, canalizadores que conhecem o seu trabalho a fundo e outros que só andam a “tapar buracos”, etc. No entanto, no colectivo popular os criadores de cães parecem estar todos “enfiados no mesmo saco”; há uma tendência para se pensar que todos só querem criar o máximo de animais ao menor custo para tirar o máximo de lucro ao longo da vida das pobres das cadelas. Mas quem se dedica à criação de cães pode fazê-lo por uma variedade de razões, que indubitavelmente irão afectar o resultado final.

Incontestavelmente, há criadores que efectivamente se dedicam a criar cães com o objectivo claro de ganhar dinheiro, em que procuram maximizam a vida reprodutiva dos seus animais (independentemente da sua saúde, património genético ou qualidade) ao menor custo possível, de forma a maximizar a sua margem de lucro. São criadores que não se preocupam com o destino final dos seus cachorros, desde que sejam vendidos, e que aproveitam ao máximo a compra por impulso – como o cachorro tão querido na montra de uma loja de animais num centro comercial -, evitando que o potencial comprador veja os cachorros e os seus restantes exemplares no ambiente em que vivem normalmente. São os chamados “puppy mills” ou “fábricas de cachorros”. Em Portugal serão uma minoria dos casos, mas a fonte mais frequente dos cachorros vendidos em lojas.

A grande maioria dos cães criados provêm de “simples” donos de fêmeas em idade reprodutiva, pessoas que, sem terem necessariamente intenções de lucro, fazem criação por uma grande variedade de razões (desculpas?) – porque querem ter um filho da sua cadelinha tão linda, porque ainda está enraizada a ideia que todas as cadelas devem ter pelo menos uma ninhada na vida (ou que todos os cães devem cruzar pelo menos uma vez), porque têm um cão de raça pura e como tal devem criar, quanto mais não seja para “recuperarem” o dinheiro que gastaram nele, porque as crianças devem poder ver o “milagre do nascimento”, porque não controlaram a sua cadela no cio e ela acasalou com um cão, etc., etc. São pessoas normalmente bem-intencionadas, ou pelo contrário sem quaisquer cuidados com o maneio reprodutivo das suas fêmeas não castradas, que se limitam a juntar uma cadela com um cão, sem grandes preocupações com o que estão a produzir ou o destino ou saúde dos cachorros nascidos, desde que sejam entregues a quem “prometa estimar”. Em muitos casos, os cachorros são dados ou vendidos a baixo preço, logo após o desmame, enquanto ainda estão fase “fofinha”, sem cuidados sanitários (vacinas, desparasitações) de forma a não terem gastos com eles. Este tipo de criadores são frequentemente designados por “backyard breeders” (literalmente, “criadores de fundo de quintal”).

Finalmente há também os verdadeiros Criadores, aqueles efectivamente dignos desse nome, com “C” maiúsculo – os que criam com um objectivo definido, que se preocupam em melhorar a qualidade morfológica e funcional da raça, que se preocupam em reduzir a incidência de problemas a nível de saúde, genético e/ou comportamento que possam existir na raça. São pessoas que procuram conhecer ao máximo a sua raça e os exemplares existentes, de forma a procurar a melhor combinação possível para atingirem os seus objectivos, mesmo que seja necessário recorrer a animais que não os seus próprios. São pessoas que antes de criar procuram aferir a qualidade dos seus exemplares, que fazem despistes de saúde e genéticos para minimizar o risco de transmissão de problemas à descendência; que fazem um controlo reprodutivo das suas fêmeas, respeitando períodos de repouso e recuperação entre ninhadas, e planeiam antecipadamente as ninhadas. E são pessoas que avaliam os potenciais interessados em adquirir um dos seus cachorros, de forma a tentarem aferir se são compatíveis com a raça e personalidade de cada um dos animais criados (e recusam a venda a alguns interessados, se necessário), que procuram acompanhar o desenvolvimento de cada exemplar nas suas novas casas, estando disponíveis em qualquer altura para dar apoio aos donos, retomando ou ajudando a encontrar um novo lar, se necessário, qualquer exemplar por si criado em qualquer altura da sua vida. Serão talvez uma minoria no mar de produtores de cachorros, mas são estes os criadores que este artigo irá abordar prioritariamente.

Qual o preço do cachorro?

Esta é a pergunta mais frequente que um criador ouve. É frequentemente a única pergunta que o criador ouve. Que a pergunta ocorra é óbvio e é de facto um factor a ponderar na aquisição de um cão. Mas que seja a única? Ou efectivamente a mais importante?
Quando pretende adquirir um carro novo, não entra no primeiro stand que vê e diz ao vendedor “Quero um carro azul. Quanto custa?”, pois não? Irá decidir que tipo de veículo necessita, comparar as características técnicas dos automóveis de várias marcas dentro da gama que pretende, e só depois de ter ideia do que quer irá comparar os preços para as marcas e modelos pré-seleccionados, e em vários stands, certo? No entanto, quando se pretende adquirir um ser vivo que irá ser parte integrante da nossa vida durante 10 a 15 anos, a maior parte das pessoas apenas parece preocupar-se com o preço, sem procurar conhecer as “características técnicas” do animal. Tal como os criadores não são todos iguais, o potencial de cada cachorro, e os cuidados que lhe foram prestados, variam.

Nos numerosos sites de anúncios grátis existentes na net, é comum encontrar cachorros à venda por valores irrisórios. Quando se pergunta a um criador sério quanto custa um cachorro da mesma raça, obter-se-á um valor nitidamente superior. Porquê a diferença? Há razão para comprar um cachorro mais caro quando se encontram mais baratos? Sim! E há motivos quer a curto quer a longo prazo. Criar um cachorro adequadamente, de forma a dar-lhe o melhor início de vida possível, não é barato. Há que considerar a ração de boa qualidade e adequada à idade e estado fisiológico que deve ser dada à mãe e às crias após o desmame, os suplementos (vitaminas, minerais) quando necessários, as desparasitações regulares e frequentes que devem ser feitas a cada um dos bebés e à mãe, as vacinas, os brinquedos para estimulação física e mental… isto sem sequer contabilizar o tempo despendido pelo criador a assegurar-se que o parto corre da melhor forma, que os cachorros mamam adequadamente, a socializa-los e habituá-los a várias situações que irão encontrar na sua vida futura, etc..
Claro que se pode ver aqui várias formas de poupar dinheiro e vender cães baratos – com uma ração de baixa qualidade, que não cobre adequadamente as necessidades especais dos animais nesta fase, não efectuando vacinas e desparasitações, vendendo os cachorros logo após o desmame, para não incorrer nos gastos da sua alimentação, etc.… Naturalmente, isto tem consequências a nível da saúde actual e futura do cachorro. Enquanto está a mamar, a cria recebe anti-corpos da sua mãe através do leite, mas no desmame essa protecção termina, apenas sendo recuperada com uma vacinação adequada. Se o cachorro mudar de família logo após o desmame, isso irá ocorrer numa situação em que as suas defesas estão significativamente reduzidas, pelo que tem um risco aumentado de contrair doenças na sua nova casa, um ambiente novo potencialmente com riscos que não existiam no local onde nasceu. Algumas doenças adquiridas nesta idade são fatais ou deixam sequelas para o resto da vida!
A longo prazo, também a nível comportamental é um risco adquirir um cachorro de tão tenra idade. Ao longo do crescimento do cachorro, ele passa por diferentes fases de desenvolvimento não só físico como psicológico. Entre as 3 e as 12 semanas, ocorre o que é designado como “período de socialização”, em que aprende as regras de comportamento primeiro com outros cães e depois com outros animais e pessoas. Um cachorro que saia demasiado cedo de perto da sua mãe e irmãos para uma nova casa não terá ocasião de aprender as regras de comunicação e etiqueta caninas, e tem riscos acrescidos de, por essa razão, vir a ter problemas futuros no relacionamento com outros cães e pessoas.

Um criador sério irá recusar-se a vender um cachorro antes dos 2-3 meses de idade. Desta forma, poderá proceder a um correcto plano de desparasitação e primo-vacinação, procurando assegurar que quando o cachorro sai tem já as defesas necessárias para resistir às “agressões” do novo ambiente (mas é fundamental que o novo dono complete o plano para uma protecção adequada). Este período passado com o criador permite também que o cachorro adquira os elementos básicos da interacção social com outros cães e pessoas e permite que comece a ser feita uma socialização a diversos tipos de situações, que deverá depois ser continuada pelo novo proprietário.

Há mais para além do preço

Se está a ler este texto é porque tem, a priori, um interesse em cães superior à média da população e irá esforçar-se por ser um bom dono para um cão que venha a adquirir. Tendo já noções básicas do que é necessário para ter um cão, ou experiência prévia, é natural que a sua principal preocupação quando for adquirir um cão seja o seu preço. Mas o criador que irá contactar não o conhece! Quando é contactado e apenas lhe perguntam pelo preço, a ideia que é transmitida por vezes é apenas a de que estão à procura de um cão o mais barato possível, o que é deveras desencorajante para quem procura a melhor casa possível para os seus cães.
Adicionalmente, há mais factores a considerar quando se adquire um cão, que fazem com que o preço de compra acabe por ser um factor secundário no cômputo geral.

Pode (e deve!), por exemplo, perguntar-se sobre as patologias existentes na raça, e o que é que o criador está a fazer para tentar minorar o seu efeito. Quando se compra um cachorro cujos progenitores tenham feito testes de despiste para as principais doenças que afectam a sua raça, e apesar de tal não ser uma garantia que o cachorro será indemne delas, pelo menos tem-se uma ideia de qual o real risco de vir ou não a ser afectado; um cachorro proveniente de animais não testados é sempre um “tiro no escuro”, uma lotaria em que não se sabe o que se está a adquirir.

Deverá pedir-se para ver os cachorros e a progenitora da ninhada (por vezes o pai não pertence ao criador, pelo que poderá não estar presente) e tentar avaliar se os cachorros parecem estar em boas condições físicas e comportamentais – com pelo brilhante, olhos limpos, activos e brincalhões, etc. Se o criador recusar, desconfie e inquira; se é certo que em cachorros de tenra idade o manuseamento por estranhos pode ser um risco de saúde, depois de os cachorros estarem adequadamente vacinados esse risco é mínimo.

Questione o criador sobre o que lhe passar pela cabeça que possa ser relevante; um criador sério estará disponível para responder e educar potenciais interessados. Esteja também preparado para que o criador lhe coloque questões, de forma a aferir se a raça e algum indivíduo em particular é ou não adequado para si. Afinal, um S. Bernardo de 70 kg talvez não seja a escolha ideal para a nossa frágil avó de 70 anos; um Pug certamente não será o mais indicado para o jovem dinâmico que gosta de correr 20 km todos os dias na companhia do seu cão; um terrier escavador não será perfeito para quem gosta de ter um jardim imaculado.
E, muito importante, visite vários criadores antes de tomar uma decisão! Converse com eles, questione e responda às perguntas, forme a sua opinião e decida de forma informada. Lembre-se que o preço que pagará pelo seu cachorro inclui não apenas o seu custo no momento, mas também todo o apoio que o criador disponibilizará ao longo da vida do animal.

Tem cachorros disponíveis?

Esta é normalmente a 2ª pergunta mais comum ao criador, quando se chega à fase da 2ª pergunta. Também por razões óbvias. A pessoa sabe que quer adicionar um companheiro de 4 patas à sua vida, por isso quer fazê-lo quando tomou essa decisão. Porém, essa não é necessariamente a melhor via!
Um criador normalmente não tem cachorros sempre disponíveis, tê-los á quando achar que encontrou uma combinação de progenitores que lhe permitirá chegar mais perto dos seus objectivos. No caso de possuir numerosos exemplares, isso talvez lhe permita gerir as suas fêmeas de forma a efectivamente ir fazendo várias ninhadas ao longo do ano, se o desejar e tiver uma procura adequada. No entanto, caso tenha poucos exemplares, as suas ninhadas serão mais espaçadas no tempo, haverá períodos em que não vai ter jovens disponíveis.

Caso se trate de uma raça relativamente popular, haverá certamente criadores responsáveis em número suficiente para que, com um pouco de pesquisa, o futuro proprietário encontre um criador que lhe agrade com cachorros disponíveis. No entanto, no caso de raças mais raras, com poucos criadores, a probabilidade é a de não encontrar cachorros disponíveis quando a pessoa se lembrou que quer um. Nesse caso, o ideal é a pessoa inscrever-se na lista de espera do criador, aguardando que este tenha uma ninhada disponível. Isto irá dar-lhe uma maior hipótese de vir a ter o cachorro desejado, até porque muitos criadores apenas criam quando têm boas casas asseguradas para os seus cachorros.

Beneficie deste período para ir conversando com o criador, colocar todas as dúvidas e questões que lhe ocorrerem e ir preparando com calma e tranquilidade a chegada do seu novo companheiro. Aproveite também para ponderar seriamente se é a altura certa para adquirir um ser vivo que irá requerer cuidados e atenção constantes durante 10 ou mais anos. Vivemos numa sociedade de consumo e gratificação imediatos, em que adquirimos bens sem ponderar seriamente se necessitamos deles e o que faremos com eles no futuro. Um animal não é um peluche ou playstation que podemos deixar numa prateleira quando nos fartamos dele!

Um cachorro para oferecer?

O Natal é tradicionalmente uma das alturas em que há mais procura por cachorros. Há quem ache que é o presente ideal, quem queira oferecer um cão ao(à) cônjuge, a um familiar, ou mesmo a um amigo. Também é comum quem queira oferecer um cachorro ao filho, porque há meses que faz birra que quer um, ou porque teve boas notas no primeiro período, ou para “ensiná-lo a ser responsável”… No entanto, sob o ponto de vista de um criador sério, o Natal é uma das épocas do ano mais problemáticas! É uma das alturas em que mais difícil separar o trigo do joio em termos de potenciais casas para cada um dos seus cachorros. Isto porque normalmente oferecer um cachorro de surpresa a alguém dá maus resultados. A aquisição de um ser vivo deve ser um acto bem ponderado, em que todos os envolvidos devem ter participado da decisão e estar de acordo. Caso contrário corre-se o sério risco de não haver tempo ou vontade para cuidar dele de forma adequada, se perder o interesse pela “novidade”, etc., levando ao aumento do abandono pouco tempo depois do Natal.

Um exemplo clássico é a aquisição de um cão para “dar responsabilidade à criança”. O princípio é muito bonito, mas o que acontece quando o jovem regressar às aulas e deixar de ter tempo disponível para o cão? Ou quando passar a novidade ou o cachorro crescer, e o seu filho perder o interesse no cão, como acontece sobretudo com crianças mais novas (ou adolescentes que subitamente encontram outros interesses na sua vida)? Se os pais não tiverem assumido previamente que a responsabilidade final do cuidado pelo animal recai sobre eles, mais cedo ou mais tarde é provável que ele seja abandonado. Que responsabilidade se está então a ensinar aos jovens? Que quando se perde interesse, é legítimo abandonar um ser vivo?

Também sob o ponto de vista do próprio cachorro, a época festiva não é a mais adequada para mudar de casa. O canito já está a passar pelo choque de subitamente se ver sem tudo aquilo que conhecia e num ambiente estranho. Um ambiente que, neste período é tipicamente de grande agitação, com as férias escolares, a família e amigos em casa, etc., quando o que ele precisa é de tranquilidade para se ambientar à nova casa e se desenvolver de forma equilibrada. E quando ele finalmente se começa a acostumar à sua nova vida, eis que tudo muda novamente – as férias acabam e as crianças regressam às aulas, os adultos ao trabalho, e o ambiente altera-se novamente. Será preferível aguardar por este período pós-festas para acolher o cachorro, de forma a que faça uma integração suave no que é o ritmo normal ao longo do ano da sua família de acolhimento.

Se efectivamente ficar acordado oferecer um cachorro no Natal, se a decisão for tomada de forma responsável, com o acordo de todos os envolvidos e do criador, porque não, em vez de sujeitar o cachorro a esta época confusa, elaborar com o criador uma espécie de “pacote de boas-vindas” para quem irá receber o cão, a oferecer no Natal em vez do cão, como preparação prévia para ir buscar o cachorro em melhor ocasião?

Adopte, não compre?

Sendo o Natal uma altura em que a aquisição de cães é tradicionalmente superior, as campanhas de adopção responsável de cães abandonados são também mais visíveis. Frequentemente o lema escolhido é algo nas linhas de “adopte, não compre” ou “cada cão comprado é um cão num canil que é abatido”. Mas isto não será um pouco de chantagem emocional?

Frequentemente o público que procura um cão de raça a um criador é algo diferente do que adopta um cão de um refúgio. Enquanto que este último “apenas” (sem qualquer sentido perjorativo!) procura um fiel companheiro, quem procura um cão de raça tipicamente fá-lo porque deseja encontrar um certo número de características físicas e comportamentais que são mais fáceis de encontrar um cão de raça do que num sem raça definida, devido à selecção efectuada que leva a que as características sejam substancialmente mais previsíveis num cachorro de raça. (1)

De qualquer forma, apesar de um cachorro comprado potencialmente até poder significar, no imediato, que um cão abandonado não será adoptado, as consequências a longo prazo poderão ser diferentes. Quando se adquire um cachorro a um criador sério, está-se ao mesmo tempo a assegurar um acompanhamento ao longo da sua vida, o criador está disponível para ajudar o proprietário no que puder, inclusive para retomar o cão se tal for necessário; diminui-se assim grandemente o risco do exemplar ser abandonado mais tarde. Quanto maior for a proporção de exemplares adquiridos a criadores empenhados, vs. puppy mills ou criadores de fundo de quintal, menor será a probabilidade de virem a acabar abandonados.

Faça o seu trabalho de casa!

Há alguns anos atrás, poderia ser difícil, para quem não estava no meio da canicultura, saber como encontrar um criador de determinada raça e o que procurar num cachorro. Hoje em dia, com o papel preponderante da internet nas nossas vidas, com meios de comunicação especializados disponíveis ao grande público, essa tarefa simplificou-se consideravelmente. Despenda tempo a pesquisar a raça que escolheu (e seja objectivo quanto à origem da informação consultada!!), visite vários criadores e converse com eles, mesmo que não esteja a planear adquirir já um exemplar - é fundamental saber se a sua escolha se adequa ao seu estilo de vida e personalidade, é importante encontrar um criador em quem possa confiar e sentir que irá ter apoio sempre que necessitar, em qualquer fase da vida do animal. Fundamentalmente, use o seu bom-senso e espírito crítico e não caia na armadilha da gratificação imediata. Um animal na nossa vida é uma grande responsabilidade, exige tempo e dedicação ao longo de anos, não irá permanecer cachorro pequenino e fofinho durante muito tempo. Esta é provavelmente uma das decisões mais importantes que irá tomar na sua vida! Certamente quererá tomá-la dispondo do máximo de informação possível, certo?

E já agora, depois de adquirir o seu cachorro, procure manter um contacto regular com o criador. Ele deixa um pouco de si em cada cachorro que entrega, e também gostaria de ter notícias deles, saber que se está a desenvolver bem (ou não) e que ele e a sua família estão felizes!



(1) Em Portugal, ainda não são comum os “breed rescues”, grupos que se dedicam à recolha e re-alojamento de cães abandonados de uma dada raça ou grupo de raças

terça-feira, 20 de setembro de 2011

18 things you should know about genetics

(Versão portuguesa abaixo)

 “18 Things You Should Know About Genetics is an animated film that presents fundamental background information about genetics, as well as offering some quirky but interesting facts about DNA, genes and genetics. It was created to be an upbeat, fun educational short film to initiate and draw interest to this sometimes daunting and seemingly complex subject matter.”


18 Things You Should Know About Genetics from David Murawsky on Vimeo.

18 coisas que deve saber sobre genética

(English version above)

18 Coisas Que Deve Saber Sobre Genética é um filme animado que apresenta alguma informação de base fundamental sobre genética. Oferece também alguns factos interessantes sobre o ADN, genes e genética. Foi criado para ser uma interessante e divertida curta animação de apresentação deste tema por vezes imponente e aparentemente complexo.



18 Things You Should Know About Genetics from David Murawsky on Vimeo.

sábado, 6 de agosto de 2011

Video sobre prevenção de mordidas // Dog bite prevention PSA

Já fiz alguns posts sobre como abordar cães desconhecidos e sobre como interpretar a linguagem corporal dos cães para identificar sinais de stress. O problema com a maioria das mordidas de cães a pessoas não tem a ver com o cão atacar sem avisar (situação rara e normalmente depois de o cão ter sido “ensinado”, intencional ou inadvertidamente, a não manifestar os sinais de aviso), mas sim porque as pessoas não sabem interpretar os sinais que o cão emite. A Dra. Sophia Yin, veterinária especialista em comportamento animal de renome internacional, lançou recentemente o vídeo abaixo, ilustrando como esta simples realidade leva a que tantas pessoas são mordidas anualmente. No seu site também encontra informação sobre a interpretação da linguagem corporal disponível para download.
Procure informar-se sobre o significado das posturas e comportamentos dos cães, quer para seu benefício quer para o do seu cão e do de outros que encontre!

I have posted before on how to approach strange dogs and on how to interpret canine body language to identify stress signs. Most dog bites occur not because the dog attacked without warning (which seldom happens, and normally only after the dog was intentionally or unwillingly “taught” not to show warning signs), but rather because people do not know how to interpret the signs the dog is conveying. Dr. Sophia Yin, internationally acclaimed behaviour expert veterinary, has recently published the video below, showing how this simple reality leads to so many people being bitten every year. On her site you will also find information about interpreting body language available for download.
Get informed about canine body language and behaviour, both for your sake and for that of your dog and other dogs you may encounter!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ian Dumbar on TED

Interessante palestra do Dr. Ian Dunbar, especialista em comportamento canino de renome, sobre a educação e treino de cães (e pessoas ;) )

Interesting lecture by Dr. Ian Dunbar, renowned dog behavior specialist, on dog (and not only ;) ) education and training


terça-feira, 5 de julho de 2011

Off-leash walks - Yes… No… Maybe…

(portuguese version below)

Summer holidays are here, along with good weather and long days. With them comes the availability to spend more time in the open air with our family – both 2 and 4 legged. And the temptation to have our canine companion off-leash is naturally great, especially because during the rest of the year, for different reasons, we generally have less time available for him. But should we do it without second thoughts?



Hardly anyone will dispute the fact that dogs need to be let loose. They are social and active animals that need to be able to regularly spend their energy and to be physically and psychologically stimulated. The common hygienic walks, on-leash, quick and in familiar places will hardly be enough to satisfy our companion’s needs. Unlike popular belief, even small sized dogs will not see their exercise needs met by just running around the house; they actually often have proportionally greater needs than larger sized dogs.
When they go smoothly, off-leash walks are an excellent opportunity to reinforce the bond and complicity that exists between the owner and his dog. But there are several opportunities for them to go wrong, and the owner should be aware of them so he may take the necessary precautions.

Common sense… and obedience!
Most risks, unfortunately, come form lack of care… Too often we see off leash dogs, even in confined and/or unknown places, showing clear signs of stress, bumping into objects (namely the ever more present glass doors, which dogs do not immediately apprehend as a barrier as they can see what’s on the other side). A loose dogs has inherently a greater probability to get hurt or cause injury, even if unintentionally. A dog that gets spooked or who is chasing an animal will easily run to the middle of the street, risking getting run over. Or crash into someone, due to being more focused on its prey than on what’s going on around him. An off leash dog should be a trained, obedient dog, with a reliable recall to his owner regardless of the situation, in order to prevent problematic situations. This is necessary not only in open space, but also when the dog is loose on enclosed spaces, like dog parks – they still have other people and dogs that should be minded, so the walk is an enjoyable experience for everyone involved.

Breed propensity
Some breeds tend to be more attentive to their owner whereas others tend to be more independent. Herding dogs, for example, having been bred to work under the guidance of people, tend to be more responsive to their owner’s desires and to keep near him, while the reverse tends to happen with mountain dogs, more independent and explorer of the surrounding areas. Scent hounds, on the other hand, despite being very attentive to their owner, when they find a scent that attracts them and start following the trail, show a remarkable “selective deafness”. This happens because this activity is for them much more attractive and rewarding than the mere presence of the owner (hard as it may be for some owners to admit it). Of course, there are general trends, and there is ample individual variation within each breed, often even more than among breeds. However, it is a good empirical rule to consider the different breed types and their tendency to behave differently when they are on the loose, for when the owners are implementing strategies to ensure their dog’s obedience in any situation – it is necessary to try to ensure they are their companion’s main focus of interest, more interesting than any other activity.

“He just wants to play!”
You’re on the beach relaxing when, out of the blue, comes a running dog chasing a ball someone threw, skidding right on top of you and giving you a sand bath. As if that wasn’t enough to ruin your good mood, another dog comes out of the sea and vigorously shakes right beside you, literally giving you a cold shower. As much as you like dogs, that will certainly not be one of your favorite moments!
When you’re taking a walk on the park, the situation may become even more complicated. Your dog may actually just want to play, but other people are also entitled to enjoy public space their own way without being bothered. He may even be the nicest coolest dog in the area, but that is no reason to let your 70 kg Saint Bernard run like mad on top of a passer-by asking to be petted, drooling all over him, just because “he only wants to play”. Or to let your Collie  run around people trying to get them together in a single group, nibbling at their heels (herding behavior). Special attention must also be paid in places with bikers, skaters, etc., as most dogs tend to associate them with prey to chase.
If your dog is little or not used to children, watch him carefully in places where kids are playing. Children have a shape and behavior different from adults, and dogs that are not used to them may not understand them as people, but rather as animated toys or prey to chase.


“He won’t bite!”
When a dog is all worked up enjoying his few moments off leash and notices another dog, often his tendency is to run to the other. Almost automatically, often the owner lets him, just saying to the other dog’s owner “it’s ok, my dog won’t bite!” But is it such a simple and innocent situation?
On one hand, the dog may actually not bit in a normal situation, but his owner doesn’t know anything about the other dog, if he is aggressive, scared, etc. Is it wise to expose any of the dogs to a situation of potential risk without proper precautions?
On the other hand, and often because of the social isolation of most urban dogs are subjected to (often by their owner, who will immediately repel any dog trying to approach his own), many dogs don’t know how to politely meet and greet other dogs according to the rules of canine etiquette. In a correct approach, both dogs will come up to each other calmly, with a relaxed demeanor, without staring at each other (they may alternate staring with looking away), will position themselves side by side to smell their anal area (the canine equivalent to the human hand shake) and, if there is no stress, will either continue their way or try to play with each other. When this is approach is not done correctly, there may be problems due to misinterpretation of intentions. For example, it is common, when dogs are excited, that they come running directly towards the other one, stopping right in front of him. As a human equivalent, think about a stranger that sees you at distance and comes running on top of you, stopping only a few centimeters away. Unpleasant, right?
In such a situation, a more confident dog may show signs to try to defuse the situation, like calmly waking away or staying put but smelling the ground (almost certainly the floor is not more interesting than the other dog, but by showing lack of interest the other dog may calm down), lick his lips, etc. If the dog is unsure and/or doesn’t have the possibility of choosing what to do (as when he is on leash), he may eventually show some aggressive sigs (like raising the hackles, showing teeth, growling…), in order to try to prevent the other dog from approaching. The owners may also unintentionally add to the stress of the meeting. For example, by not knowing normal canine behavior, some will try to stop dogs from smelling the anal areas, because they think that behavior is gross. Even more common is the owner getting nervous with the approach of a strange dog and putting pressure on the leash, in an almost reflex behavior of trying to hold their animal better. But the dog will feel that pressure and think that the situation may indeed be a problem, which will lead to an escalation of the real stress. The ideal, in a situation where both dogs are on leash, is to calmly watch the dogs’ body language and keep a loose leash in order to avoid unnecessary tension. When both dogs are off leash the “complicating” human element is removed, and any of the approaching dogs may choose to walk away, but the animals' behavior must still be closely watched. A misinterpretation by one of the dogs or a lack of knowledge of body language (do not forget that many dogs live in a virtually human environment with little to no contact with other dogs since puppyhood) may lead to the occurrence of conflicts. But when one of the dogs if off leash and the other is on leash, there may be the problem of ever-excitement of the loose dog associated with the tension perceived by the owner and the leashed dog, who has no possibility of walking away if he so desired; if the fearful dog does not have the possibility of flight, fight remains… The owner of the off leash dog thus has the increased responsibility to ensure his animal does not derange the other dog.


Ask first… and watch
A simple way to do it is to keep your dog close to you and ask first to the owner of the other dog if they can greet each other. Should the owner refuse (he may have a fearful dog, an aggressive dog, a frail one, a dog undergoing some kind of treatment, etc.), respect his wishes and carry on with your walk. If he accepts, watch the dogs’ interaction. Watch the way they approach and if your dog starts getting too worked up, call him back, allow only calm approaches, in order to avoid misinterpretations and risks. After the first introduction, should both dogs want to play for a bit, don’t lower your guard. Although when playing dogs normally use several signs showing that what they are doing should not be taken seriously, in order to keep their companion relaxed, different dogs may have different play styles – some like rough games, others prefer calmer playing… Special attention should be given when dogs of different sizes are playing, as the bigger dog may accidentally injure the smaller one. That is actually the main reason for the recommendation for two separate enclosures in dog parks, so animals of different sizes may interact safely with dogs their own size.

Respect to be respected

As much as you may want to always have your well behaved dog off leash (and regardless of the legality or not of the situation), bear in mind that some people are afraid of dogs or, even if they do not fear them, do not particularly enjoy having dogs around. Many people don’t know who to correctly interpret dog body language and may feel threatened by the approach of a strange dog. Remember that in most public spaces dogs should be kept on leash and they are refused access to a number of them. Despite our traditional tolerance to certain of these freedoms, it is necessary to respect others! Learn to interpret canine body language, keep your dog on leash or near you when you’re around other people, do not let him approach other people or dogs without proper permission and never forget to pick up after your dog, even if he is off leash. If we all respect the basic rules of common sense, respect and healthy sociability, we may gradually start to change people’s mentalities and gain legal access of dogs to increasingly more public areas.