domingo, 8 de setembro de 2013

You can't just wish a problem away

(Clique aqui para a versão portuguesa)

Dogs are not mechanical toys with a different behavior just according to the button you press. Just like people, they have different personalities; they will behave differently according to their character, education and upbringing.
To expect them all to have the same behavior in any situation is not only naïve but also potentially dangerous – for the owner, for other people and for the dog. If that is your expectation, maybe you’d be better off with a china dog. At least that one will not surprise you with its behavior.


Lately I’ve been contacted by several people asking for help with behavior and/or relationship problems with their dogs. And there are striking differences between some of them…
  • There’s the person seeking help to find a new home for their dog. They’ve concluded their young puppy, just a few months of age, is too boisterous for their lifestyle and, despite the fact he was a wanted dog, they are not willing to change their lifestyle to accommodate him, even knowing it’s a temporary phase.
  • There’s the young couple contacting me from the other end of the continent, asking for help with their dog with separation anxiety, something even harder to solve as they live in an apartment building and need to leave everyday for work. Anyone who has dealt with this type of problem knows it is not easy to solve, requiring a lot of commitment and time – which they have and are willing to continue for as long as necessary.
  • There’s the middle-aged couple with problems with their teenager guard dog, with aggressive behavior towards other people, which ended up revealing it was mostly due to over controlling owners and mutual insecurity – something relatively simple to solve in its origin but requiring commitment and behavior changes of the owners; actually, within 5 minutes of meeting the dog, he had already changed from the show-off display “I’m the meanest dog in this world and the next” to “come play with me and give me more treats”. After the first consultation, they did not contact me again, despite approaching me at another time and place where we both happened to be, admitting they didn’t implement the suggested changes and continuing having problems with their dog.

Think of some habit you’ve tried to change… Maybe your New Year’s resolution was to start exercising more? Or, with Summer approaching, you chose to start a diet and eat better? Or maybe quit smoking?
Did you make it? Congratulations! But it wasn’t easy, was it? Over the first few weeks you surely even thought about giving up! Changing set routines is hard, your body tells you to do one thing and your mind tells you to do another… even if it was a conscious decision!
Gradually, you realize those small subtle elements triggering our old habits – the coffee followed by a cigarette, the piece of chocolate at the end of a job well done, etc., and you struggle not to cave in.
For days and weeks everything looks hard and not working, but suddenly you realize you no longer have the same desires, the need to go back to the old habits. Success!
We’re talking here of a “simple” conscious change of habits, things we want to change out of our own free will. But if that is difficult even with us, it is even harder when we’re dealing with animals, as we can’t explain them that it’s for their own good and they’ll have happier lives if they change their behaviors.

Besides, behavior changes in dogs often (most times?) require a change of behaviors by their owners.
Dogs are experts in reading our body language and reacting accordingly, not according to what we think we’re transmitting.

Imagine this very common situation: you’re walking your large breed dog on the street. When you notice someone afar with their dog, what do you do? Unconsciously you tense up, grab the leash a bit more strongly, keeping it tense, and continue advancing.
Not going into the details of why this is all wrong (maybe that’ll be a theme for a new post), let’s see how this situation is perceived by the owner and the dog.
  • Owner – “I grabbed the leash harshly so it is easier for me to control my strong dog if he decides to attack the other one.”
  • Dog – “Here was I, casually strolling about, when my owner tensed up when he saw another person and his dog. Hmm, maybe they’re a threat, let me keep alert in case it is necessary to defend my owner. Oh hell, now he’s holding on to me strongly, he is surely afraid, I will have to defend him, those strangers must be really dangerous! Grrr!
It’s easy to realize that what we wanted to transmit to the dog and what was actually transmitted are very different things, right?

Changing canine behavior in some situations also implies changing our own behavior. This implies we realize the details of our behaviors and routines, deepen our knowledge about canine body language and make a conscious and prolonged effort to change our habits, temporary or permanently.
You can’t just wish a problem away for it to actually go away!

What about you, what have you had to change in your routines for a better quality of life for your 4-legged companion and a better mutual relationship?

Não basta desejar que um problema se resolva



(Click here for the English version)

Os cães não são brinquedos mecânicos que apenas têm um comportamento diferente consoante o botão que se prime. Tal como as pessoas, têm personalidades diferentes, irão comportar-se de forma diferente consoante o seu carácter, a sua educação e a forma como foram criados.
Esperar que tenham todos o mesmo comportamento em qualquer situação é não só ingénuo como potencialmente perigoso – para o dono, para as outras pessoas e para os cães. Se é isso que pensa, talvez seja melhor adquirir um cão de porcelana. Pelo menos com esse não terá surpresas quanto ao seu comportamento.


Nos últimos tempos tenho sido contactada por várias pessoas a pedir ajuda com problemas de comportamento e/ou convivência com os seus cães. E são flagrantes das diferenças entre algumas delas…
  • Há a pessoa que contacta à procura de ajuda para encontrar um novo dono para o seu cão. É que chegou à conclusão que o seu cachorro de poucos meses de idade é demasiado energético para a sua vida, e apesar de ter sido um cão desejado, não está disposta a fazer alterações no seu estilo de vida para o acomodar, mesmo sabendo que é uma fase temporária.
  • Há o jovem casal que contacta, da outra ponta do continente, a pedir ajuda com a sua cadelita com ansiedade de separação, uma situação ainda mais complicada de resolver pelo facto de viverem num prédio de apartamentos e terem de sair para trabalhar todos os dias. Quem já lidou com este tipo de problemas sabe que não é minimamente fácil de resolver, que exige muito empenho e muito tempo – coisa que têm estado a fazer e que estão empenhados em continuar durante o tempo que for preciso.
  • Há o casal de meia-idade com problemas com o seu cão de guarda adolescente, com reações agressivas para com outras pessoas, que se veio a verificar derivavam em grande parte do excesso de controlo por parte dos donos e sentimentos insegurança mútua de parte a parte – um problema relativamente simples de resolver de base mas que exige empenho e algumas mudanças por parte dos donos; Aliás, e menos de 5 minutos de o conhecer, já o cão tinha passado de um show-off “sou o cão mais mau da terra e arredores” para “anda brincar comigo e dar-me mais biscoitos”. Após a primeira consulta, não voltaram a contactar, apesar de me abordarem posteriormente e noutro local em que calhou encontrarmo-nos, admitindo que não tinham implementado as alterações sugeridas e que continuavam com problemas com o cão.

Pense em algum hábito seu que tenha tentado alterar… Como resolução de ano novo talvez tenha decidido começar a fazer mais exercício? Ou, com a aproximação do Verão, talvez tenha optado por começar a fazer dieta e ter uma alimentação mais racional? Ou deixar de fumar?
Conseguiu? Parabéns! Mas não foi fácil, pois não? Nas primeiras semanas seguramente até pensou em desistir! Mudar as rotinas estabelecidas é difícil, o corpo diz-nos para fazermos uma coisa e a cabeça diz-nos para fazermos outra… Mesmo que se trate de uma decisão tomada conscientemente!
Gradualmente, começamos a aperceber-nos daqueles pequenos elementos subtis que desencadeiam os nossos velhos hábitos – o café seguido de um cigarro, o quadrado de chocolate no fim de um trabalho bem feito, etc., e lutamos para não ceder à tentação.
Durante dias e semanas tudo nos parece difícil e ineficaz, mas como que de repente, apercebemo-nos que já não temos os desejos, a vontade de regressar aos hábitos antigos. Sucesso!

E estamos a falar aqui de uma “simples” mudança consciente de hábitos, coisas que queremos alterar por nossa própria vontade. Mas se até connosco isso é difícil, mais difícil se trata no caso de estarmos a lidar com animais, em que não lhes podemos explicar que é para o bem deles e que ficarão bem mais felizes na sua vida se alterarem os seus comportamentos.

Além disso, a modificação de comportamentos em cães passa muitas vezes (a maioria?) por uma modificação dos comportamentos dos seus donos.
Os cães são exímios a ler a nossa linguagem corporal, e a reagir de acordo com ela, não de acordo com aquilo que pensamos estar a transmitir.

Imagine esta situação extremamente comum: está a passear o seu cão de grande porte na rua. Ao aperceber-se de alguém ao longe com um cão, o que é que você faz? Inconscientemente fica um pouco tenso, agarra a trela com mais força, mantendo-a tensa, e continua a avançar.
Não entrando nos detalhes sobre porque tudo isto é errado (talvez seja tema para num novo post), vamos ver apenas como esta situação é entendida pelo dono e pelo cão.
  • Dono – “Eu agarrei a trela com força para conseguir segurar o meu cão forte não vá dar-se o caso de ele querer ir atacar o outro cão.”
  • Cão – “Estava eu aqui tranquilo no meu passeio quando o meu dono ficou tenso quando viu outra pessoa e cão. Hmm, devem ser uma ameaça, deixa-me ficar alerta não vá ser preciso eu defender o meu dono. Oh diacho, ele agora está-se a segurar bem a mim, está com medo, vai mesmo ser preciso defendê-lo, aqueles estranhos devem ser perigosos! Grrrr!
Fácil de perceber que o queríamos transmitir e o que foi efectivamente transmitido ao cão são coisas diferentes, certo?

Modificar o comportamento de cães em determinadas situações passa também muito por mudar o nosso próprio comportamento. Isso implica uma consciencialização dos detalhes dos nossos comportamentos e rotinas, um aprofundar do nosso conhecimento sobre linguagem canina, e um esforço consciente e prolongado para alterar os nossos hábitos, temporária ou permanentemente.
Não basta desejar que um problema se corrija para que fique corrigido!

E quanto a si, o que já teve de alterar na sua rotina para uma melhor qualidade de vida do seu companheiro de 4 patas e uma melhor relação mútua?