quinta-feira, 29 de março de 2012

Breeding goals

(Clique aqui para a versão Portuguesa)


At ringside conversations, I occasionally hear breeders whining they don’t know what type is preferred in their breed and that their breed club should issue guidelines about that.
I confess this type of commentaries always gives me the chills. For several reasons…

Breed standards

Breed standards are vague enough in their descriptions to allow for different interpretations and, as such, for different breeding lines – all while their individuals are still clearly identifiable as belonging to their breed.
This is actually beneficial, as it allows for different breeders to pursue their goals without risking breeding in close inbreeding, which would unquestionably happen if everyone started breeding the same type (line) of dogs.


Barbado da Terceira Female Open Class judging at Lisbon's 118th International Show.  You can see several types, but all dogs are clearly identifiable as being Barbado da Terceira.

The role of breed clubs

Should breed clubs issue guidelines about which type of dogs is preferred in their breed?
Breed clubs should issue procedure guidelines their associates would follow to try to breed litters as healthy and close to the standard as possible, namely regard health screening and minimum results at conformation, work and/or sociability tests. An extremely important role they could accomplish regards producing an illustrated standard, with images and photos showing desirable and undesirable traits.
But should they influence a breeder’s breeding work? There are proper places to evaluate the merits or lack thereof of this work, namely conformation and working trials!

A breeder’s goals

If the breeder doesn’t know what kind of dog he should breed, what is he doing breeding??
Breeding should be a natural expansion of a passion for the breed, of its in-depth study, of getting to know the several lines it has and, inherently, of choosing a preferred type!

Should “breeding X litters a year” be a breeder’s goal? Or should the goal be trying to get the dog he idealized as the correct type?

How will he breed if he doesn’t have an obvious goal to achieve? How will he choose the type of dog to complement his bitch’s flaws and virtues if he doesn’t know what he wants to complement?

X litters a year should be, at most, a by-product of trying to achieve a defined goal.

Breeding… or producing dogs?

Some “breeders” will merely breed the same couple over and over again. They’re doing nothing more than flooding the “market” with “photocopies” which, pretty as they may be, will quickly cease to contribute towards their set goal within the breed as a whole – this, of course, if they have a set goal! And what will happen when one member of the couple dies? They will have to start over again, without a progressive improvement work that will ensure, as much as possible, a relative homogeneity, within their preferred type, throughout the generations.

Besides, with so many closely related dogs competing, it is easy for the public to assume that is the ideal type, when it’s nothing more than the “flooding” of a line of dogs (can we call it “line” when it is nothing more than repeated litters from the same breeding couple??)

The search for immediate satisfaction…

Not knowing what type of dog he wants, the breeder mates his bitch to the winning dog of the moment, under the assumption that if the dog is winning so much he must be good. However, in dog shows as in so many things in life, fads and trends often dictate who is winning and when. And fads are often short-lived. Considering it takes at least a couple of years since you decide to breed with a certain dog until you have an adult dog capable of competing on an equal level with the rest of its breed (specially in medium/large breeds and/or with exuberant coat), there’s a serious risk that by then the “fad” is different and the “champion” we were so “committed” to breed may already be an “undesirable” type. In each litter we will have to start over again, towards the “goal” of breeding the type that is winning right now.

Not only that, he is also potentially creating problems regarding the breed’s genetic diversity – if we all breed with the same wining dog, unavoidably we will be increasing the breed’s inbreeding level!

vs. long term results

On the other hand, if you have an ideal type in our mind, you can gradually try to step forward towards your concrete goal. Sometimes you may get better litters, sometimes worse, but you will always be thinking at least one or two generations ahead, searching for the mating that will take you one step closer to our goal.

You may or may not be breeding the current wining type, but regardless of show results, there will always be one satisfaction – while continuing to work within the breed standard, you will be breeding the dog YOU like! Shouldn’t that be the goal?!


Carla Cruz
www.aradik.net


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Objectivos na criação

(Click here for the English version)

Em conversas à beira de ringue de exposições, ocasionalmente ouço lamúrias de criadores que se queixam que não sabem que tipo se quer na sua raça e que o clube de raça deveria emitir orientações a esse respeito.
Confesso que este tipo de comentários sistematicamente me provoca calafrios. Por várias razões…

Os estalões

Os estalões de raça são suficientemente amplos nas suas descrições para permitir diferentes interpretações e, como tal, a ocorrência de diferentes linhas de criação – sem que por isso os exemplares deixem de ser claramente identificados como pertencentes à sua raça.
Isto até é benéfico, pois permite que diferentes criadores possam prosseguir os seus objectivos sem correrem o risco de se começar a criar em consanguinidade estreita, o que inevitavelmente irá ocorrer se todos começarem a criar com o mesmo tipo (linha) de cães.


Julgamento da Classe Aberta Fêmeas na raça Barbado da Terceira, na 118ª ECI Lisboa. Pode ver-se vários tipos diferentes de animais, mas todas são claramente reconhecíveis como sendo Barbados da Terceira

A função dos clubes de raça

Será que é função dos clubes emitirem diretrizes sobre que tipo de cão é preferido na raça a que se dedicam?
Os clubes de raça deveriam emitir normas relativas aos trâmites que os criadores seus associados devem cumprir para tentar criar ninhadas o mais saudáveis e próximas ao estalão possível, nomeadamente no que respeita a despistes de saúde aos progenitores e resultados mínimos que estes devem obter em provas de beleza, trabalho e/ou socialização. Um papel extremamente importante que poderiam ter diz respeito à elaboração de um estalão ilustrado, com imagens e fotografias ilustrando detalhes desejáveis ou indesejáveis num cão.
Mas será que alguém deve condicionar o tipo de criação de um criador? Existem locais próprios para avaliar os méritos e deméritos desse trabalho, nomeadamente as provas de beleza e de trabalho!

Os objectivos dos criadores

Se o criador não sabe o tipo de cão que deve criar, o que é que está a fazer a criar??
Criar deveria ser uma extensão natural da paixão pela raça, do seu estudo aprofundado, do conhecimento das várias linhas e, por inerência, da escolha do tipo que mais se gosta!

Será que “fazer X ninhadas por ano” deve ser o objectivo de um criador? Ou deveria ser o tentar obter o cão que se idealizou como sendo o tipo mais correcto?

Como é que se vai criar se não se tem um objectivo palpável a alcançar? Como é que o criador vai escolher o tipo de cão a utilizar para compensar os defeitos e virtudes da sua cadela se não sabe o que é que quer complementar?

As X ninhadas por ano, quando muito, vêm como uma consequência de se tentar alcançar o objectivo pretendido.

Criar… ou produzir cães?

Alguns “criadores” limitam-se a reproduzir repetidamente o mesmo casal. Nada mais estão a fazer do que a inundar o “mercado” com “fotocópias”, que, por muito bonitas que sejam, rapidamente deixam de contribuir para progredir em direcção ao que terá idealizado como o objectivo a alcançar a nível de raça no seu conjunto – isto, claro, se tiverem idealizado um objectivo! E quando um dos reprodutores morrer? Terão de recomeçar da estaca zero, sem um trabalho gradual de melhoramento que permita assegurar, tanto quanto possível, uma relativa homogeneidade morfológica, dentro do tipo que gosta, ao longo das gerações.

Além de que, com tantos cães estreitamente aparentados a competir, será fácil para o público assumir que esse é o cão ideal, quando não é mais do que a “inundação” de uma linha de cães (será que se pode chamar “linha” quando se fala de ninhadas sucessivas do mesmo casal reprodutor??)

A procura da satisfação imediata…

Não sabendo o tipo que se quer, cruza-se a cadela com o cão que anda a ganhar as exposições, com base no pressuposto que se o cão ganha tanto é porque deve ser bom.
No entanto, em exposições como em tanta coisa na vida, as modas e tendências frequentemente ditam quem ganha em que altura. E as modas são frequentemente uma coisa de pouca duração. Considerando que levará pelo menos uns dois anos desde que se decide cruzar com determinado cão até se ter um cão adulto capaz de competir em pé de igualdade com os restantes exemplares (nomeadamente no caso de se tratar de raças de médio/grande porte e/ou com pelagem abundante), corre-se o risco sério de nessa altura já a “moda” ser outra, e o “campeão” que tanto nos “empenhámos” a criar poderá ser já de um tipo “indesejável”. Em cada ninhada teremos de recomeçar da estaca zero em direcção ao “objectivo” de criar o tipo que está a ganhar neste momento.

Isto além de estarmos potencialmente a criar problemas a nível da diversidade genética na raça – se todos cruzarmos com o mesmo cão ganhador, inevitavelmente estaremos a aumentar o nível de consanguinidade na raça!

…vs. resultados a longo prazo

 Por outro lado, se tivermos o nosso tipo de cão idealizado na nossa mente, poderemos ir gradualmente tentando progredir em relação ao nosso objectivo, palpável. Umas vezes poderemos obter ninhadas melhores, outras piores, mas estamos sempre a pensar pelo menos uma ou duas gerações à frente da actual, em busca do cruzamento que nos deixará mais perto do objectivo.

Poderemos estar ou não a criar o tipo de cão que está a ganhar nessa época, mas independentemente dos resultados em exposição, haverá sempre uma satisfação – continuando a trabalhar dentro do estalão da raça, estamos a criar o cão que NÓS gostamos! Não deveria ser esse o objectivo?!

Carla Cruz
www.aradik.net


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domingo, 25 de março de 2012

Aradik’s position on docking and cropping

(Clique aqui para a versão Portuguesa)

Ch Ananás de Aradik

Ever since I have begun breeding the Barbado da Terceira (Terceira Cattle Dog), I have been criticized by several breeders in Portugal for not docking nor cropping the dogs I bred.
Why don’t I do it? Well, the answer can be given in a single sentence or be the reason for a long post.

The reader’s digest version


I do not dock nor crop the Barbado da Terceira because I believe the future of any breed shall necessarily go through with it being known in its natural state, so I prefer to start working from the beginning to get people used to this look.


The several reasons in detail


1. To avoid repeating the past

I started following the dog world, as an outsider, in the 1990s – a time without the current ease of spreading ideas through the internet. However, even then I remember seeing people from the Boxer, Doberman, Spaniel, etc. fancy discussing the prohibition of docking and cropping (something they still do today!), and their concern as these traits had never been selected, so who knew what they could get.
I also remember the comments, common even today in some breeds, that a dog left entire wouldn’t even look like its breeds, as its “natural” looks was changed.
But I ask, if what separates one breed from another are mere cosmetic traits that require the removal of body parts, does that breed have a reason for existing as an independent entity?
Therefore I chose to keep the dogs I breed entire - so people can get used to seeing the natural Barbado da Terceira, and will not find it strange later on and realize that even with tail and ears the Barbado da Terceira looks different from similar breeds.
The results my dogs have been achieving show well that at least they look enough like Barbados da Terceira to get good results and obtain titles at dog shows.


2. Throughout the rest of Europe…

Although in Portugal it is still common to see docked and cropped dogs at different sports events (including conformation dog shows), in an increasing number of European countries these dogs are being denied access to these events. However, regardless the breed we’re thinking of, if we wish to remain competitive at a European level, we need to be able to compete on their field, so we need to be prepared to abide to their rules. This implies stopping docking and cropping.


3. The breed standard

This is what the Barbado da Terceira breed standard says about the tail:
“Medium to low set. At rest hangs and curves at the inferior tip. Anurous is admissible.”
As you can see, it is a very generic description and does not mention, as happens in other breeds, details such as the tail’s relative length (reaching the hock, higher or lower than it) nor its carriage when in motion, for example.
The Barbado da Terceira provisional standard was written at a time when virtually all dogs were docked at birth. As are most dogs even today, as this is the culturally preferred presentation. Indeed, the description of the tail at rest is probably based on the tails of similar breeds, as currently breed standards cannot explicitly mention that surgically altered animals are preferred.
Yet, when the Barbado da Terceira’s final standard is written, it will certainly be necessary to include more details about the tail and its carriage. Therefore, my choice not to dock the dogs I breed was (also) made as a way to ensure the existence of a population showing the natural tail and its variations regarding carriage and length, so an informed decision can be made when the final standard is written.

As for cropping, my decision not to do it was based on the same principle as for not docking.
The Barbado da Terceira breed standard, written at a time when most dogs had their ears cropped, says the ears are
“medium to high set, triangular, medium sized. Hanging, folded and hairy. They are very mobile and when attentive raise at the base and fold forward.”
Nowadays dogs with natural ears are becoming more common, both at the mainland and at Terceira Island, so I hope this sample will allow for a correct assessment of the existing variation regarding ear set and carriage, so the standard can be the best possible representation of the existing population.

Left to right: Multi-Ch Figo, Multi-Ch Sheila, Ch Adágio

4. Welfare

When I made the decision of not docking I thought, as most breeders “know”, that the tails were cut off during the first few days of life because at birth the puppies’ sensorial system is quite undeveloped, so their ability to feel pain is decreased – therefore docking should be a relatively painless procedure, which is even done without anesthetics.
However, when researching for an article I was preparing, I came to learn that actually it’s the exact opposite. At birth the puppies’ neurons’ dendrites aren’t yet completely involved by myelin (i.e., their protective “shaft” isn’t yet completely developed). This is the reason why we used to think pain-feeling ability wasn’t yet developed. However, today we know that exactly for this reason, what really happens is that there is no impulse inhibition, so pain is actually felt even more intensely! And in puppies younger than a few months of age it isn’t even safe to use anesthetics in surgical procedures!


5. Behavior

The tail is an important element in dog-to-dog and dog-to-people communication. It helps to reveal the dog’s state of mind, its intentions, etc.
Several studies have suggested dogs with short tails tend to be involved in more aggressive confrontations with other dogs, possibly as the result of communication problems. A study published in 2008, the first under controlled conditions, using a robotic model in which only the length and movement of the tail varied (long wagging, long still, short wagging, short still), has revealed differences in the way dogs approached the model, suggesting that tail does indeed influence canine behavior.
Therefore, we can infer that the absence of a tail will put the animal at a disadvantage regarding tailed dogs, and potentially increase the probability of aggressive confrontation.

6. Function

The tail works as a “counter-weight” in situations requiring agility (jumping, turning while running, etc.).
I have always been amazed with how a tail can be docked in a herding dog! These dogs’ work often requires turning, breaking and turning again at relatively high speed, so the tail will necessarily help.
This does not mean that a tailless dog will not be able to work properly. After all the dog’s “heart”, its “will”, ends up being the most important element in a dog’s work. Quite simply, the job would possibly be easier with a long tail helping out.


7. Health

In some breeds, docking tails is justified with the argument that it is done to prevent it from being injured in the brush or when banging on objects. As in the Barbado da Terceira I have never heard health-related arguments regarding docking, I will refrain from commenting them here and now.

As for ear cropping, however, the situation is different. In almost all cropped breeds it is common to call upon the argument that dogs with hanging ears are more prone to otitis.
There are few studies comparing the occurrence of otitis in dogs with hanging and prick ears. Indeed there seems to be a slightly larger incidence of otitis in the former case, but usually the studies either don’t specify the type of hanging ears (there is a lot of diversity) or are based in Cocker Spaniel data – whom, with heavy, long, very handing ears, are very different from the Barbado da Terceira, whose ears are much shorter and mobile, allowing for a better aeration of the ear cannal.
Actually, it is interesting to note that all water dogs and retrievers (breeds which, due to their job, would a priori be more prone to otitis) have hanging ears. If the incidence of ear problems was serious, certainly prick ears would have been selected by now…

My Barbado da Terceira

 

Ch Adágio
I remember as if it was today when I saw my first Barbado da Terceira – Xico, owned by Teresa Pamplona –, many years ago, when I went to Terceira Island for my MSc research. I immediately fell in love for the breed in general and for that dog in particular. I saw him a few years later, more mature, and the passion resurfaced, even stronger. He was a fantastic dog, grey and white, docked and cropped looking even more compact and impressive!
Yes, unlike what many people think, I indeed love seeing a docked cropped Barbado da Terceira! Actually, and against my principles, my first Barbado, Ch Adágio (out of the same lines as Xico), was cropped after I had him.
Not only docking and cropping is a tradition in the breed’s island of origin, its looks become quite different and appealing.
But should we cling to the past in the name of “tradition”?
The ears were also traditionally cropped, and nowadays we see more and more dogs, even on their native island, with entire ears. Stopping docking is just the next logical (and in my opinion unavoidable) step.


Disadvantages in keeping the dogs entire

 

Ch Cortiça de Aradik
Choosing not to dock or crop does have its risks. As the looks become different from what people are used to, a dog has to be a lot better than the rest to have the same success.
A cropped dog immediately seems to have a wider head, an advantage in a dog meant to be compact and robust.
A dog with a tail will immediately seem longer, not only when moving (with the tail in line with the body), but also when it is standing, due to its hair’s volume. If in addition the dog has white socks (as I personally like), then it will seem even longer, as the illusion of the color difference “breaks” the dog’s height. Unless the judge is able to bypass the optical illusions, the dog will often be penalized.

So… are there disadvantages I showing undocked dogs at shows nowadays (as uncropped dogs are fortunately increasing)? Yes there are! But you need to start working and investing today thinking about tomorrow!

In essence…


Is it common to hear that a dog needs to be docked (and cropped) to be a Barbado da Terceira? Yes! However, that is not what justifies belonging to a breed, or even what defines the dog’s quality. There are good and bad docked and cropped dogs, there are good and bad undocked and uncropped dogs.
I believe the “culture gap” of the different looks of the natural dog will be quite lessened if, from the beginning, people get used to seeing the two “versions” of the breed and begin “training” their eye for what (I believe) will be the future.

This has been my guideline at Aradik Kennel!

Carla Cruz
www.aradik.net

P.S. – Obviously, the fact that I chose to keep the dogs I breed entire doesn’t mean other breeders have to, as some seem to fear based on the intensity of their protests. Everyone should act based on their conscience and principles, not based on what others do! There’s a time and a place to evaluate the pros and cons of the decisions made.


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Posição do Canil Aradik sobre o corte de caudas e orelhas

(Click here for the English version)

Ch Ananás de Aradik

Desde que comecei a criar o Barbado da Terceira, tenho sido criticada por vários criadores em Portugal por não cortar as caudas e orelhas dos cães por mim criados.
Porque razão não o faço? Bem, a resposta pode ser dada numa única frase ou ser todo um longo post.

A razão condensada


Não corto caudas e orelhas aos Barbados da Terceira porque acredito que o futuro de qualquer raça passará necessariamente por ser conhecido ao natural, pelo que prefiro começar a trabalhar desde o início para que as pessoas se habituem a este aspecto. 

As várias razões em detalhe 


 1. Evitar a repetição do passado

Comecei a acompanhar a canicultura, por fora, nos anos 1990s – uma época em que não havia a mesma facilidade de difusão de ideias que há hoje em dia, com a internet. No entanto, lembro-me de já na altura ver o pessoal do meio dos Boxers, Dobermanns, Spaniels, etc., discutir a proibição do corte de caudas e orelhas (algo que ocorre ainda hoje!), e a sua preocupação por nunca ter havido selecção para estas características, pelo que não se sabia o que se poderia obter.
Lembro-me também dos comentários, comuns ainda hoje em algumas raças, de que um cão inteiro nem parecia pertencer à sua raça, porque ficava com o seu aspecto “natural” alterado.
Ora, pergunto eu, se o que distingue uma raça de outra são meramente detalhes cosméticos que requerem a amputação de partes do corpo, será que essa raça tem razão para existir enquanto entidade independente?
Daí ter optado por manter inteiros os cães por mim criados. Para que as pessoas se habituem a ver os Barbados da Terceira ao natural, para que não o venham a estranhar mais tarde e se apercebam que, mesmo de cauda e orelhas inteiras, o Barbado da Terceira tem um aspecto diferente de outras raças similares.
Os resultados que os meus cães têm obtido revelam bem que, pelo menos, os cães se parecem suficientemente com Barbados da Terceira para obterem bons resultados e obterem títulos em exposições de beleza.

2. No resto da Europa…

Apesar de em Portugal ainda ser comum verem-se animais de caudas e orelhas cortadas nos diferentes eventos desportivos (incluindo os eventos de morfologia canina, ou exposições de beleza), em cada vez mais países europeus é-lhes vedado o acesso a estes eventos. Ora, qualquer que seja a raça que estejamos a considerar, se queremos permanecer competitivos a nível europeu, temos de poder concorrer no seu terreno de jogo, logo temos de estar preparados para cumprir as suas regras. Isso implica deixar de cortar caudas e orelhas.

3. O estalão da raça

Relativamente à cauda, o estalão do Barbado da Terceira indica:
“Com implantação média a baixa. Em repouso a cauda cai e encurva na parte inferior. Admitem-se anuros.”
Como se vê, é uma descrição bastante genérica, não são referidos, como ocorre noutras raças, detalhes como o comprimento relativo da cauda (se chega ao curvilhão, acima ou abaixo) nem sobre o seu porte em movimento, por exemplo.
O estalão provisório do Barbado da Terceira foi elaborado numa altura em que virtualmente todos os cães tinham a cauda cortada à nascença, tal como acontece ainda hoje com a maioria dos cães, pois esta é a apresentação culturalmente preferida. Aliás, a descrição sobre o porte da cauda em repouso é possivelmente baseada nas caudas de raças similares, pois actualmente os estalões não podem indicar explicitamente que se preferem animais que tenham sido sujeitos a alterações cirúrgicas.
Ora, quando se elaborar o estalão definitivo do Barbado da Terceira, será certamente necessário incluir mais detalhes sobre a cauda e o seu porte. Assim, a minha opção de não cortar as caudas aos cães por mim criados foi tomada (também) de forma a permitir a existência de uma população de animais na qual pudesse ser observada a cauda natural e as suas variações a nível de porte e comprimento, para que se possam tomar decisões informada por ocasião da elaboração do estalão definitivo.

Quanto ao corte das orelhas, a minha decisão de não cortar orelhas aos meus cães foi tomada com base no mesmo princípio que o de não cortar as caudas.
O estalão do Barbado da Terceira, elaborado numa altura em que a maioria dos cães tinha as orelhas cortadas, refere que as orelhas são de
“inserção média a alta, triangulares, de tamanho médio. Pendentes, quebradas e bem revestidas de pêlo. Têm mobilidade de porte e em atenção levantam na base e dobram para a frente.”
Actualmente, já se vêm cada vez mais cães com orelhas inteiras, quer no continente quer mesmo na Terceira, pelo que espero que esta amostra permita avaliar correctamente a variação que existe a nível de porte e inserção de orelhas, de forma a que o estalão reflicta da melhor forma possível a população existente.

Da esquerda para a direita: Multi-Ch Figo, Multi-Ch Sheila & Ch Adágio

4. Bem-estar

Quando tomei a decisão de não cortar caudas, pensava, tal como todos os criadores “sabem”, que as caudas eram cortadas nos primeiros dias de vida porque à nascença o sistema sensorial dos cachorros está pouco desenvolvido, pelo que a sua capacidade em sentir dor estaria muito diminuída – logo, o corte de caudas seria uma operação relativamente indolor, aliás, tanto que é praticada sem anestesia.
No entanto, ao fazer pesquisas para um artigo que estava a preparar, vim a saber que, na realidade, ocorre precisamente o contrário. À nascença, as dendrites dos neurónios dos cachorros não estão ainda completamente mielinizadas (não têm ainda a sua “bainha” protectora completamente desenvolvida). Esta é a razão porque se pensava que a capacidade de sentir dor não estava ainda desenvolvida. Porém, hoje sabe-se que precisamente por isso, o que na realidade ocorre é que não há ainda inibição de certos impulsos, pelo que a dor é efectivamente sentida ainda mais intensamente! E em cachorros com menos de alguns meses de idade nem sequer é seguro usar anestesias em procedimentos cirúrgicos!

5. Comportamento

A cauda é um elemento muito importante na comunicação dos cães com outros cães e com pessoas. Ela contribui para comunicar o estado de espírito do cão, as suas intenções, etc.
Vários estudos têm sugerido que cães com caudas curtas tendem a estar mais envolvidos em altercações agressivas com outros cães, possivelmente como resultado de problemas de comunicação. Um estudo publicado em 2008, o primeiro em condições controladas, usando um modelo robótico de cão em que apenas variava o comprimento e movimento da cauda (comprida a abanar, comprida estática, curta a abanar, curta estática), revelou diferenças na forma como os cães abordavam o modelo, sugerindo que a cauda efectivamente afecta o comportamento dos outros cães.
Assim, pode inferir-se que a ausência da cauda irá colocar o animal numa posição de desvantagem relativamente a cães com cauda e potencialmente aumentar a probabilidade de ocorrência de confrontos agressivos com outros cães.


6. Funcionalidade

A cauda funciona como um “contra-peso” em situações que requeiram agilidade (saltos, curvas em corridas, etc.).
Sempre me espantou como a um cão de pastoreio lhe é cortada a cauda! O trabalho destes cães requer frequentemente curvas, travagens e contra-curvas a velocidades relativamente elevadas, pelo que a cauda necessariamente irá ajudar.
Não quer isto dizer que um cão sem cauda não será capaz de desempenhar a sua função de forma correcta. Afinal, o “coração”, a “vontade” acaba por ser o elemento mais importante para a função do cão. Simplesmente, possivelmente o trabalho poderia tornar-se mais fácil com a cauda inteira a auxiliar.

7. Saúde

Em algumas raças, o corte de caudas é justificado com o argumento que é feito para evitar que sofra danos na passar no mato ou a bater em objectos. Dado que no Barbado da Terceira nunca ouvi argumentos a favor do corte da cauda relativos a questões de saúde, vou abster-me de os comentar aqui e agora.

Quanto ao corte de orelhas, a situação é diferente. Em quase todas as raças em que as orelhas são cortadas é comum invocar-se o argumento que os cães com orelhas pendentes estão mais propenso a otites.
Existem poucos estudos comparando a ocorrência de otites em cães de orelhas pendentes e de orelhas erectas. Parece efectivamente haver uma pequena maior incidência de otites no primeiro caso, mas os estudos tipicamente ou não especificam o tipo de orelhas pendentes (há muita variedade) ou baseiam-se em dados de Cocker Spaniels – que, com orelhas pesadas, compridas, bastante pendentes, são muito diferentes dos Barbados da Terceira, cujas orelhas são mais curtas e móveis, permitindo um melhor arejamento do canal auditivo.
Aliás, é interessante constatar que todas as raças de cães de água e retrievers (raças que, pela função, seriam a priori mais propensas a otites) têm as orelhas pendentes. Se a ocorrência de problemas a nível do canal auditivo fosse séria, certamente que já teriam sido selecionados cães de orelhas erectas…

O meu Barbado da Terceira

 

Ch Adágio
Lembro-me como se fosse hoje quando vi o meu primeiro Barbado da Terceira ao vivo – o Xico, de Teresa Pamplona, há muitos anos atrás quando fui à Terceira no âmbito do meu trabalho de mestrado. Apaixonei-me de imediato pela raça em geral e por aquele cão em particular. Voltei a vê-lo alguns anos mais tarde, já mais desenvolvido, e a paixão voltou a surgir, mais forte. Era um cão fantástico, cinzento encoleirado, com orelhas e cauda cortadas dando-lhe um ar de facto ainda mais compacto e imponente!
Sim, efectivamente, ao contrário do que muitos pensam, gosto muito de ver o Barbado da Terceira com orelhas e cauda cortadas! Aliás, e contra os meus princípios, o meu primeiro Barbado, Ch Adágio (da mesma linha do Xico), teve as suas orelhas cortadas quando estava já comigo; foi o único cão a quem o fiz.
Além de ser o corte ser tradição na ilha de origem da raça, o aspecto fica completamente diferente e bastante apelativo.
Mas deveremos continuar agarrados ao passado em nome da “tradição”?
As orelhas também eram tradicionalmente cortadas, e hoje em dia já são cada vez mais os cães, mesmo na sua ilha natal, a serem mantidos com as orelhas inteiras. Deixar de cortar caudas é apenas o próximo passo lógico (e, a meu ver, inevitável).

Desvantagens em manter os cães inteiros

Ch Cortiça de Aradik

Optar por não cortar caudas e orelhas tem os seus riscos. Como o aspecto fica diferente daquele a que as pessoas estão habituadas, um cão tem de ser superior aos restantes para ter o mesmo sucesso.
Um cão de orelhas cortadas de imediato aparenta ter uma cabeça mais larga, uma vantagem num cão que se deseja que seja compacto e robusto.
Por sua vez, um cão de cauda inteira vai imediatamente parecer mais comprido, não só em movimento (com a cauda no prolongamento do corpo), mas também quando está parado, devido ao volume do seu pelo. Se adicionalmente o cão tiver branco nos membros (como pessoalmente gosto), ainda vai parecer mais comprido, por a ilusão da diferença de cor nas patas “quebrar” a altura do cão. A menos que o juiz seja capaz de ultrapassar as ilusões de óptica, o cão será frequentemente penalizado.

Portando… será que há actualmente desvantagens em apresentar em exposições cães de cauda inteira (porque de orelhas inteiras felizmente são cada vez mais)? Sim, há! Mas há que começar a trabalhar e a investir hoje a pensar no amanhã!

No fundo…


Será que é frequente ouvir que um cão tem de ter a cauda (e orelhas) cortadas para ser um Barbado da Terceira? Sim! No entanto, não é isso que define a pertença a uma raça ou sequer a qualidade do cão. Há bons e maus cães de cauda e orelhas cortadas, há bons e maus cães de cauda e orelhas inteiras.
Acredito que o “choque cultural” do aspecto diferente com o cão inteiro será muito menor se, desde o início, as pessoas se habituarem a ver as duas “versões” da raça e começarem a “treinar” o olho para o que (acredito que) vai ser o futuro.

Tem sido este o princípio por que me tenho regido no Canil Aradik!

Carla Cruz
www.aradik.net

P.S. – Naturalmente, o facto de ter optado por manter os cães de minha criação inteiros não obriga a que os outros criadores o façam, como alguns parecem temer, dada a veemência com que protestam. Cada um deve actuar de acordo com a sua consciência e os seus princípios, e não com base no que os outros fazem! Existem locais próprios para avaliar os méritos ou deméritos das decisões tomadas.


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quinta-feira, 1 de março de 2012

When to start taking out your new puppy

(Versão portuguesa aqui)

A common concern about new puppy owners is when they can start taking their puppies out on the street. I usually recommend they start taking them a few days after they’ve had their first set of vaccines. Of course, no puppy leaves our home unless a few days have passed since their first (or second, depending on the type) set of vaccines, so in practice that means they can start taking them out from the moment the puppy is adjusted to his new family. Vaccines nowadays are much safer than in the old days, can be administered sooner and more dogs are vaccinated, making strange dogs less of a risk of transmitting disease.
However, there is still much outdated information running about, specially by well meaning but inexperienced people or old-school vets.

To help in dispelling some of these myths, I reproduce below an open letter by Dr. R.K. Anderson, DVM, MPH, DACVB, DACVPM, a reference in the behavioral veterinary community and founder of the Animal Behavior Resources Institute.

Thank you Joyce Kesling, CDBC, from Responsible Dog & Cat Training ~ Behavior Solutions for pointing me to this one! :-)

The emphasis on some sentences is mine.



Puppy Vaccination and Early Socialization Should Go Together

Diplomate ACVB and ACVPM
Professor and Director Emeritus, Animal Behavior Clinic and Center to Study Human/Animal Relationships and Environments
University of Minnesota
1666 Coffman Street, Suite 128,
Falcon Heights, MN 55108
Phone 612-644-7400 FAX 612-644-4262

An Open Letter to My Colleagues in Veterinary Medicine:

Puppies begin learning at birth and their brains appear to be particularly responsive to learning and retaining experiences that are encountered during the first 13 to 16 weeks after birth. This means that breeders, new puppy owners, veterinarians, trainers and behaviorists have a responsibility to assist in providing early learning and socialization experiences with other puppies/dogs, with children/adults and with various environmental situations during this optimal period from birth to 16 weeks of age.

Many veterinarians are making this early socialization and learning program part of a total wellness plan for breeders and new owners of puppies during the first 16 weeks of a puppy’s life -- the first 7-8 weeks with the breeder and the next 8 weeks with the new owners. These socialization classes should enroll puppies from 8 to 12 weeks of age as a key part of any Wellness Program to improve the bond between pets and their people and increase retention of dogs in their first puppy home. (See -- JAVMA, Vol 223, No. 1, pages 61-66, 2003)

To take full advantage of this early special learning period, many veterinarians recommend that new owners take their puppies to puppy socialization classes, beginning at 8 to 9 weeks of age. At this age they should have (and should be required to have) received a minimum of their first series of vaccines for protection against infectious diseases. This provides the basis for increasing immunity by further repeated exposure to these antigens either through natural exposure in small doses or artificial exposure with vaccines during the next 8 to 12 weeks. In addition the owner and people offering puppy socialization should take precautions to have the environment and the participating puppies relatively free of natural exposure by good hygiene and relatively clean environments.

Experience and epidemiologic data support the relative safety and lack of transmission of disease in these puppy socialization classes over the past 10 years in many parts of the United States. In fact; the risk of a dog dying because of infection with distemper or parvo virus disease is far less than the much higher risk of a dog dying (euthanasia) because of a behavior problem. Many veterinarians are now offering new puppy owners, puppy socialization classes in their hospitals or nearby training facilities with assistance of trainers and behaviorists. This emphasizes the importance of early socialization and training as important parts of a wellness plan for every puppy. We need to recognize that this special sensitive period for learning is the best opportunity we have to influence behavior for dogs and the most important and longest lasting part of a total wellness plan.

Are there risks? Yes. But 10 years of good experience and data, with few exceptions, offers veterinarians the opportunity to generally recommend early socialization and training classes, beginning when puppies are 8 to 9 weeks of age. However, we must respect an individual veterinarian’s professional judgment, in individual cases or situations, where special circumstances warrant further immunization for a special puppy before enrolling in early learning and socialization classes between 8 and 12 weeks of age. Please note that during any period of delay for entering puppy classes, owners should begin a substitute wellness program of early socialization with children, adults, other animals and environmental stimuli outside their family, to take advantage of this special period in a puppy’s life with planning and consideration for any concerns of the pet’s veterinarian.

Please remember that the risk of a dog dying (euthanasia) because of behavior problems is more than 1,000 times the risk of dying of distemper or parvo virus. Early learning, socialization of puppies and appropriate vaccination should go together in a wellness program designed to protect lives of dogs and improve the bond with families.

If there are further questions, veterinarians/trainers may call me for discussion and clarification.

Quando começar a levar o cachorro à rua

(English version here)


Uma preocupação comum dos novos donos de cachorros é quando podem começar a levar os seus cachorros à rua. Normalmente recomento que os comecem a levar alguns dias após terem recebido as suas primeiras vacinas. Claro que, como nenhum cachorro sai de nossa casa sem que se tenham passado alguns dias da sua primeira (ou segunda, dependendo do tipo) dose de primo-vacinação, na prática isto significa que podem começar a sair a partir do momento que o cachorro esteja adaptado à sua nova família. Actualmente as vacinas são muito mais seguras que antigamente, podem ser administradas mais cedo e há mais cães vacinados, o que leva a que cães estranhos sejam menos propensos a transmitir doenças.
No entanto, ainda há muita informação desactualizada a circular, principalmente por parte de pessoas bem-intencionadas mas inexperientes ou veterinários da velha guarda

Para ajudar a refutar alguns desses mitos, reproduzo abaixo a minha tradução de uma carta aberta do Dr. R.K. Anderson, DVM, MPH, DACVB, DACVPM, uma referência no mundo da veterinária comportamentalista e fundador do Animal Behavior Resources Institute.


O ênfase em algumas das frases é meu.

A vacinação dos cachorros e a socialização atempada devem andar de mãos juntas

Diplomate ACVB and ACVPM
Professor and Director Emeritus, Animal Behavior Clinic and Center to Study Human/Animal Relationships and Environments
University of Minnesota
1666 Coffman Street, Suite 128,
Falcon Heights, MN 55108
Phone 612-644-7400 FAX 612-644-4262

Uma carta aberta aos meus colegas na Medicina Veterinária:

Os cachorros começam a aprender aquando do nascimento e o seu cérebro parece ser particularmente receptivo à aprendizagem e a reter experiências que são encontradas durante as primeiras 13 a 16 semanas após o nascimento. Isto significa que os criadores, os novos donos dos cachorros, os veterinários, os treinadores e os especialistas em comportamento têm a responsabilidade de ajudar a fornecer experiências atempadas de aprendizagem e de socialização com outros cachorros/cães, com crianças/adultos e com várias situações ambientais durante este período óptimo do nascimento às 16 semanas de idade.

Mutis veterinários tornam este programa de socialização e aprendizagem precoce parte de um plano total de bem-estar para criadores e novos donos de cachorros durante as primeiras 16 semanas da vida do cachorro – as primeiras 7-8 semanas com o criador e as 8 semanas seguintes com os novos donos. Estas aulas de socialização devem envolver cachorros das 8 às 12 semanas de idade como uma parte essencial de qualquer Programa de Bem-Estar para melhorar a relação entre os animais de companhia e as suas pessoas e aumentar a retenção dos cães na sua primeira casa de cachorro (ver JAVMA, Vol 223, No. 1, páginas 61-66, 2003)

Para beneficiar ao máximo deste período especial de aprendizagem, muitos veterinários recomendam que os novos donos levem os seus cachorros a aulas de socialização de cachorros, começando pelas 8 ou 9 semanas. Com esta idade terão recebido (e deve-lhes ser requerido) um mínimo da sua primeira série de vacinas de protecção contra doenças infecciosas. Isto fornece a base para uma imunidade cada vez maior através da exposição repetida a estes antigénios, quer através da exposição natural em pequenas doses quer pela exposição artificial com vacinas durante as 8 a 12 semanas seguintes. Adicionalmente, o dono e as pessoas oferecendo a socialização do cachorro devem tomar precauções para que o ambiente e os cachorros que participam estejam relativamente livres de exposição natural através de boa higiene e ambientes relativamente limpos.

A experiência e dados epidemiológicos apoiam a relativa segurança e ausência de transmissão de doenças nestas aulas de socialização de cachorros ao longo dos últimos 10 anos em muitas partes dos Estados Unidos. Efectivamente, o risco de um cão morrer com uma infecção por esgana ou parvovirose é muito menor que o risco muito mais elevado de o cão morrer (eutanasiado) devido a um problema de comportamento. Muitos veterinários oferecem agora, aos novos donos de cachorros, aulas de socialização nos seus hospitais ou em instalações de treino nas imediações, com a assistência de treinadores e especialistas em comportamento. Isto enfatiza a importância de socialização e treino atempados como partes importantes de um plano de bem-estar para todos os cachorros. Precisamos de reconhecer que este período especial sensível à aprendizagem é a melhor oportunidade que temos para influenciar o comportamento para os cães e a parte mais importante e duradoura de um plano de bem-estar total.

Há riscos? Sim. Mas 10 anos de boa experiência e dados, com raras excepções, fornecem aos veterinários a oportunidade para de uma forma geral recomendarem aulas de socialização e treino precoces, começando quando os cachorros têm 8 a 9 semanas de idade. No entanto, devemos respeitar a opinião profissional de cada veterinário, em casos ou situações individuais, em que circunstâncias especiais requeiram maior imunização de um dado cachorro antes de o inscrever em aulas de socialização e treino precoces entre as 8 e as 12 semanas de idade. Tenha em atenção que durante qualquer período de atraso na inscrição em aulas para cachorros, os donos devem começar um programa de bem-estar substituto com socialização precoce a crianças, adultos, outros animais e estímulos ambientais fora da sua família, para beneficiarem deste período especial da vida do cachorro, tendo em consideração o planeamento e quaisquer preocupações do veterinário do cachorro.

Lembre-se que o risco de um cão morrer (eutanasiado) devido a problemas comportamentais é mais de 1000 vezes o risco de morrer por esgana ou parvovirose. A aprendizagem precoce, a socialização dos cachorros e a vacinação adequadas devem andar juntas num programa de bem-estar desenhado para proteger as vidas dos cães e melhor a sua ligação às famílias.

Se houver mais questões, os veterinários/treinadores podem contactar-me para discussão e clarificação.